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Pop art de Warhol e Haring ocupa o CCBB

Unidade paulista inaugura grande mostra com trabalhos dos mestres da pop art americana Andy Warhol e Keith Haring

Por Agencia Estado
Atualização:

Warhol e Keith Haring. As obras desses dois pop artists americanos ocupam o subsolo, o segundo e terceiro andares do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, em exposição que será inaugurada hoje à noite para convidados e amanhã para o público. De Andy Warhol poderão ser vistas polaróides com os rostos de celebridades, políticos, travestis e auto-retratos, entre outros - na maioria, rostos com mais de 15 minutos de fama. Já Keith Haring, há desenhos e pinturas trazidos diretamente da fundação que leva o nome do artista, com sede em Nova York. Aliás, Nova York foi a cidade onde a pop art eclodiu. O universo underground da cidade, grafites em metrôs e ruas inspiraram Haring, que nasceu e se criou em pequena cidade da Pensilvânia e que no fim da década de 70 se mudou para a metrópole a fim de estudar arte. Logicamente, naquela época o novato já havia tido contato com a obra de Warhol, um dos mais emblemáticos da arte pop. A cultura do consumo, imagens da comunicação de massa, "elevar a experiência do cotidiano à condição de arte", essas, as chaves do movimento que se espalhou de Nova York para o mundo. Foi nesse sentido que Warhol trouxe à condição de arte a reprodução das latas de sopa Campbell, que Roy Lichtenstein se baseou nas histórias em quadrinhos para transformá-las em pinturas, e assim por diante. Mas, no caso dessa exposição de polaróides, disposta no subsolo do CCBB, podemos ver outra faceta de Warhol. A curadora da mostra de fotografias, Nessia Leonzini, escreve em seu texto que as polaróides "escapam à qualidade irônica da cultura pop, a celebração do consumo de massa" e mostram um Warhol menos frio, com menos distanciamento. "O não envolvimento com o tema é o princípio da pop art e nessas polaróides percebe-se que ele teve um contato com os retratados, o que era muito raro no trabalho dele", diz a curadora. Quando Warhol pedia que as mulheres, no caso, Jane Fonda e a cantora country Dolly Parton , tirassem suas jóias e deixassem os ombros despidos para ressaltar suas belezas, ele tinha contato com elas. Grafiteiro - Já os segundo e terceiro pisos do CCBB abrigam as obras de Keith Haring. A mostra tem curadoria da diretora da Fundação Keith Haring, a americana Julia Gruen. Dentre as inúmeras histórias que ela conta desse outro artista americano, Julia reforça que, curiosamente, Haring ficou conhecido primeiramente pelo público e só depois pelo mercado consumidor de arte. Extremo admirador dos grafites nos trens e ruas de Nova York, ele, que foi estudar arte na cidade quando tinha 19 anos, se atreveu a realizar pinturas nas superfícies negras de anúncios publicitários nas estações de metrô. Em alguns desses desenhos, usava giz. "Ele sempre dizia que detestava um espaço vazio", diz Julia. Esses trabalhos eram inspirados nos grafites, mas diferentes porque eram mais organizados, tinham um tipo de borda e nunca eram feitos com spray - Haring não se achava capaz de manusear os tubos de spray com a agilidade dos pichadores de rua. Nas obras apresentadas aqui, é possível ver a energia do artista representada nas pinturas e desenhos repletas de signos que sempre estiveram presentes em seus traços. Os bebês, cachorros, discos voadores, pirâmides, símbolos atômicos e figuras tiradas dos comics revelam um caráter mais irônico do que real. "Haring dizia que o observador é que deveria fazer a própria história da obra que via", conta a curadora. Há até mesmo a última pintura realizada por Haring, em novembro de 1989, pouco antes de ele morrer prematuramente de aids, aos 31 anos. Para os interessados em saber mais sobre os dois artistas, o CCBB realizará amanhã, às 19 horas, um debate com as duas curadoras. A entrada é gratuita. Andy Warhol e Keith Haring. De terça a domingo, das 12 às 20 horas. Centro Cultural Banco do Brasil. Rua Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3618. Até 20/6. Abertura hoje , às 20 horas.

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