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Poeta Manoel de Barros inspira peça

Chão de Barros, em cartaz no Centro Cultural São Paulo, conta a vida e a obra do escritor de Campo Grande

Por Agencia Estado
Atualização:

Aprovado pelo próprio poeta, que o assistiu em sua cidade, Campo Grande, o espetáculo Chão de Barros, de Frederico Foroni, narra a vida e a obra de Manoel de Barros. Depois de estrear na USP, em 2001, ser apresentado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde Barros mora, e ganhar prêmios em festivais do interior do Estado de São Paulo, a peça está em cartaz no Centro Cultural São Paulo. Amanhã, um atrativo a mais para quem assistir à montagem, além da oportunidade de conhecer a trajetória e a obra de um dos poetas mais importantes do Brasil: os ingressos custam R$ 1,00. "Interessei-me por sua obra completa quando li Livro sobre Nada (prêmio Nestlé de Literatura/97)", diz o jovem diretor Frederico Foroni, formado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em 2001. "Então li os 16 livros que compõem sua obra e ia ficando cada vez mais impressionado com sua imensa capacidade de frasista, de trazer tantas idéias em apenas um verso. Penso que só havia deparado com tamanha riqueza antes, na obra de Guimarães Rosa." A montagem também utiliza poemas de dois livros não reeditados, por veto do próprio poeta: Face Imóvel (1942) e Poesias (1956), seu segundo e terceiro livros editados, respectivamente. Barros considerou-os, mais tarde, imaturos. O projeto de pesquisa, desenvolvimento de uma dramaturgia para espetáculo e de montagem foi patrocinado com bolsa da Fapesp, entre os anos de 2000 e 2001. Foroni foi três vezes a Campo Grande encontrar-se com Manoel de Barros. "No primeiro, em janeiro de 2001, passamos horas conversando e bebendo cerveja. Ele me perguntou: você não vai gravar nem filmar? Então podemos falar à vontade. Depois, quando assistiu ao espetáculo, no final de 2002, em Campo Grande, disse ter ficado satisfeitíssimo, porque a montagem agarrava o poeta pela linguagem e pelas palavras dele e não pelas paisagens." Apogeu - "Quando o rio está começando um peixe, ele me coisa, ele me rã, ele me árvore." Esse é um dos versos que ecoam em Chão de Barros, todo tecido em tom intimista. "Propus aos atores: falem a poesia de Manoel de Barros como se estivessem falando de suas próprias vidas", assinala o diretor. Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916. Com 1 ano de idade, seu pai se instalou em fazenda no Pantanal. Barros formou-se em Direito no Rio, casou-se com Stella, mas nunca abandonou o Pantanal. Barros é o poeta do "apogeu do chão e do pequeno." Chão de Barros une às poesias e às narrativas que o biografam numa cenografia limpa, uma luz impressionista fortemente metafórica e a belíssima trilha sonora de Thiago Cury e Marcus Siqueira, apoiada em composições próprias e em peças de Brahms, Bach, Beethoven e Chopin. Prêmios - No elenco estão Roberto Leite, Marcio Araújo e Suzi Pereira, entre outros. No ano passado, a peça ganhou os prêmios de melhor trilha sonora, cenografia e luz no Festival de Teatro de Americana, além de indicações para melhor espetáculo e direção. Também ganhou o prêmio de melhor iluminação no Festival de Teatro de Pindamonhangaba. Chão de Barros - Vida e Obra do Poeta Manoel de Barros. Criação Grupo Chão. Dramaturgia e direção Frederico Foroni. Duração: 65 minutos. De terça a quinta, às 21 horas. R$ 12,00. Hoje, R$ 1,00. Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Salles Gomes. Rua Vergueiro, 1.000, em São Paulo tel. (11) 3277-3611. Até 13/2.

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