Poesia de Drummond é reeditada

As obras completas do maior poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade começam a ser reeditadas pela Record. Chegarão ao mercado em edições especiais, com novo projeto gráfico, além de cronologia e bibliografia

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Por Agencia Estado
Atualização:

As obras do poeta Carlos Drummond de Andrade começam a ser reeditadas pela editora Record. Chegarão ao mercado em edições especiais, com novo projeto gráfico, além de cronologia e bibliografia atualizadas. Tudo para antecipar o centenário de nascimento do maior poeta brasileiro, que será celebrado em 2002. Os livros terão prefácios escritos por críticos literários renomados. Os três primeiros livros serão: Alguma Poesia (160 páginas, R$ 15,00 ), Brejo das Almas (112 páginas, R$ 15,00 e Rosa do Povo (240 páginas, R$ 20,00). Em Alguma Poesia, Drummond adota a forma livre do verso, libertando-se de rimas e planos. Busca a simplicidade e uma linguagem poética seca. O primeiro livro de Drummond adota a forma do verso livre e busca a objetividade, com uma forma mais do que original de ver o mundo e a si próprio. Inaugurou novos rumos para a poesia no país, sob a influência da Semana de Arte Moderna de São Paulo. Brejo das Almas foi muitas vezes considerado pela crítica um livro à sombra do restante. Um dos conflitos presentes em toda obra de Drummond fica muito evidente na obra: o Eu x Mundo. O conflito entre província e metrópole, sendo a província Minas Gerais e a metrópole, o Rio de Janeiro. O poeta usa Minas para enaltecer o mundo, em contraponto ao Rio, onde Drummond se sentia desarticulado. Publicado originalmente em 1945, A Rosa do Povo revela a plena maturidade do poeta, representando o auge de um processo que tem suas origens em Sentimento do Mundo, seu livro anterior. Em contraponto a uma realidade de guerras e genocídio e à ditadura do Estado Novo, o livro surge trazendo a solidariedade entre os homens em um mundo em crise. Considerado por parte da crítica como um dos livros mais fortes e significativos de Drummond. Quem foi Drummond - Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, vê seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que regressam de excursão às cidades históricas de Minas Gerais, e inicia longa correspondência com Mário de Andrade, com quem estabelece intensa troca literária. Em 1928, publica na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que suscita polêmica nos meios literários. Dois anos depois, publica Alguma Poesia (500 exemplares), sob o selo imaginário de Edições Pindorama. Brejo das Almas é publicado em 1934, mesmo ano em que Drummond se transfere para o Rio como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde Pública. Em 1940, publica Sentimento doMmundo. Só a partir de 1942 tem seus livros custeados por uma editora, a José Olympio, pela qual são editados A rosa do povo e O gerente, em 1945. Na década de 40, já consagrado como poeta, publica Poesia até Agora, volta a escrever no Minas Gerais. Os anos 50 são marcados pela publicação de obras importantes, como Claro Enigma, Viola de Bolso, Fazendeiro do Ar e Fala, Amendoeira. Em 1963, recebe os prêmios da União Brasileira de Escritores e do Pen Club do Brasil por Lição de Coisas. Três obras de sua autoria são publicadas no exterior em 1965: Antologia Poética (Portugal), In the Middle of the Road (Estados Unidos) e Poesie (Alemanha). Ao deixar o Correio da Manhã, em 1969, Drummond passa a colaborar no Jornal do Brasil, escrevendo uma coluna que se tornaria referência no jornalismo brasileiro. Em 1974, o escritor recebe o Prêmio de Poesia da Associação Paulista de Críticos Literários. Novos prêmios chegam em 1980: o Estácio de Sá, de jornalismo, e o Morgado Mateus (Portugal), de poesia. Ao completar 80 anos, o escritor recebe o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e é homenageado com exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Casa de Rui Barbosa. Em 1983, declina do troféu Juca Pato. No ano seguinte, assina contrato com a Editora Record, após 41 anos na José Olympio. Estréia na nova casa editorial com Boca de Luar e Corpo, mas decide encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. Lança Amar se Aprende Amando, O Observador no Escritório, História de Dois Amores e Tempo Vida Poesia, entre outros. Apesar de problema de saúde no ano de 1986, ainda encontra tempo e disposição para escrever 21 poemas para a edição do centenário de Manuel Bandeira. Em 1987, Drummond é homenageado com o samba-enredo O Reino das Palavras pela escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira, que se sagra campeã. No dia 5 de agosto morre sua filha Maria Julieta, vítima de câncer. Doze dias depois, a 17 de agosto, o poeta falece, deixando cinco obras inéditas: O Avesso das Coisas, Moça Deitada na Grama, Poesia Errante, O Amor Natural e Farewell.

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