Catarse completa uma década de financiamentos coletivos

Plataforma virtual expandiu durante a pandemia

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Por Matheus Lopes Quirino
Atualização:

No ano em que Confinada foi um sucesso nas redes sociais, a editora Todavia resolveu bancar a publicação de uma edição física reunindo as tiras que Leandro Assis e Triscila Oliveira criaram no Instagram durante a pandemia. Mas quem financiou o projeto foram os leitores impactados pelo carisma das personagens. O timing da editora foi certeiro e contou com 7.859 pessoas, ao todo, doando quantias variadas para que a discórdia entre as personagens Fran e Ju fosse para a gráfica. Em poucos dias, durante a pré-venda, a editora angariou mais de 600 mil reais – valor quase dez vezes superior à meta inicial, de 69 mil. 

Para celebrar a década de vida, a plataforma lançou na segunda-feira, 20, um portal em que reúne suas melhores histórias, como a editora Escureceu e o clube do livro digital Clube da Caixa Preta, iniciativas que resgatam clássicos escritos por autores negros, como Não Tão Branca, de Jessie Fauset, pioneira da literatura Afro-Americana na década de 1920 nos EUA. Relatos e bastidores de exposições, curtas, peças de teatro, entre outras ações culturais ficam disponíveis na plataforma para inspirar quem planeja tirar seu projeto do papel. 

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A Plataforma Catarse foi fundada em 2011 com a proposta pioneira de crowdfunding no Brasil, o famoso financiamento coletivo. A equipe inicial, os administradores recém-formados, Diego Reeberg e Luis Otávio Ribeiro se juntaram ao desenvolvedor Daniel Weinmann com o jornalista Rodrigo Machado e Thiago Maia, o designer da plataforma que nascia para se comunicar com jovens. Na paralela, Facebook e Instagram serviram como amplificadores de mídia para os criadores, que acompanharam a popularização das redes sociais. Hoje, segundo informa a própria plataforma, mais de 17 mil projetos já foram financiados via Catarse. 

Para criar um projeto é necessário se cadastrar na plataforma e estipular uma meta. A princípio, precisa-se estabelecer um estímulo para os apoiadores, e para cada doação oferecer recompensas – no caso do mercado editorial, edições exclusivas, acessórios literários, conversas com autores. A divulgação é o princípio para as campanhas fluírem. No caso de Confinada, os entusiastas receberam um apêndice exclusivo da história, um zine inédito que não estava na internet. 

O setor cultural teve no Catarse, nos últimos anos, o espaço onde é possível gerar um financiamento horizontal. Só no segmento de publicações, em 2011, 15 projetos arrecadaram mais de 200 mil reais em comparação aos quase mil e trezentos de 2021 (que bateram os R$ 28 milhões). Além da coqueluche Confinada, editoras especializadas em quadrinhos, como a Draco e Skript financiam seus projetos via plataforma, que cobra uma porcentagem de 13% em cima do objetivo atingido por iniciativa.  Com planos de expansão para o pós-pandemia, a plataforma teve nos dois últimos anos seu maior fluxo de caixa e audiência.

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