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PIONEIROS DO PUNK NA ABERTURA

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Por Redação
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Pouca gente sabia, mas na abertura do show do Pearl Jam esteve um monumento do punk rock norte-americano, a banda X, que surgiu concomitantemente ao The Clash e aos Sex Pistols, em 1977, e é muito influente. Em 2003, os dois primeiros discos de estúdio da banda, Los Angeles e Wild Gift, foram incluídos pela revista Rolling Stone entre os 500 maiores álbuns de todos os tempos.Com um som muito baixo para sua proposta sonora, o X sofreu um pouco na noitada do Pearl Jam, e a recepção do público foi até meio fria, mas passou seu recado. O concerto deles estaria muito mais bem acomodado no Studio SP ou no Beco. É possível reconhecer em suas músicas, como Soul Kitchen, Devil Doll e Nausea, influências que vazariam para diversas bandas da cena americana posterior, como Talking Heads ou B52's.A vocalista Exene Cervenka, roliça e de cabelos desgrenhados (há dois anos, foi diagnosticada com esclerose múltipla), com vigor e personalidade, mostrou aos paulistanos como sua parceria com o vocalista e baixista John Doe funcionou no estabelecimento de um sistema de rock básico, fundamental, nos Estados Unidos. O Pearl Jam é fã da banda, e já tinha gravado uma de suas canções, The Golden State.John Doe também desenvolveu uma carreira de ator em Hollywood, nos últimos anos, tendo atuado em Salvador, de Oliver Stone, e participado do projeto Roadside Prophets ao lado de Adam Horowitz, dos Beastie Boys. Ao lado de John Doe e Exene, estava o guitarrista Billy Zoom, cuja postura de tocar a guitarra lembra Joe Strummer, do Clash, e o batera DJ Bonebrake.Doe e Exene (cujo nome real é Christene) também alternavam os vocais de um jeito pioneiro, o vocal feminino gritado, um estilo que às vezes ilustrava a matriz de hits que viriam mais tarde, como Private Idaho, por exemplo. Aos 55 anos, ex-mulher do ator Viggo Mortensen (com quem teve um filho), ela veio do universo dos shows de spoken words, e tem uma formação literária fundada na poesia, assim como Doe. Isso dá ao som básico do X um contraponto de sofisticação literária que não tem contraponto nas bandas atuais. Ela andou fazendo shows de poesia com Henry Rollins, de quem é amiga."Onde houver um grupo de 200, 300 pessoas ouvindo música no underground, haverá o punk rock. O punk nunca morrerá", disse Exene recentemente. Ela faz a sua parte. / J.M.

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