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Pintores Caravaggio e Bacon estão juntos em mostra romana

Por ELLA IDE
Atualização:

Retratos criados pelo mestre italiano Caravaggio e o pintor irlandês do século 20 Francis Bacon estão lado a lado em uma nova exposição que relaciona as visões atormentadas da humanidade de cada um, apesar do contraste entre suas respectivas abordagens à realidade. A exposição na Galleria Borghese, em Roma, celebra os 400 anos da morte de Caravaggio e o centenário do nascimento de Bacon, e em seu cerne está o fascínio que ambos nutriam pela forma humana, além de sua predileção pelo retrato expressivo. Ambos foram radicais para seus tempos. Contra o fundo de idealismo distorcido do maneirismo, Caravaggio era movida pelo atenção obsessiva ao real. Já Bacon foi ridicularizado por sua recusa em abrir mão da figura humana em favor da abstração. "Bacon pode ser comparado a Caravaggio sobretudo em termos de intensidade", disse o historiador de arte Michael Peppiatt, co-curador da exposição e também amigo íntimo e biógrafo de Bacon. Os dois pintores foram vistos como ícones da genialidade gay atormentada, e suas naturezas e vidas trágicas foram marcadas pela violência -- o amante de Bacon cometeu suicídio, e Caravaggio foi condenado à morte depois de matar um homem, o que se reflete em suas obras. "Ambos tinham consciência da brevidade da vida e da fragilidade do ser humano, e ambos transmitem essa consciência de forma poderosa através de sua arte", disse Peppiatt em comunicado. A exposição traz 17 obras de Bacon e 14 pinturas de Caravaggio, seis das quais, incluindo "Madonna com a Serpente" e "Baco Adoentado", integram o acervo permanente da Galleria Borghese. Muitos dos trabalhos de Bacon, incluindo "Head VI", fruto de seus estudos do retrato pintado por Velazquez do papa Inocente 10, foram cedidos temporariamente pela Tate Gallery, de Londres. A entrada da Galleria Borghese foi ocupada pelos trípticos de Bacon, pintados após o suicídio de seu amante George Dyer, com cenas assustadoras de figuras masculinas seminuas e distorcidas cuja vida se esvai para formar poças da cor da carne. A exposição ficará na Galleria Borghese até 24 de janeiro de 2010 e já atraiu mais de 67 mil visitantes. O público recorde vem obrigando a galeria a ampliar seu horário de funcionamento e aumentar em 30 por cento o número de ingressos disponíveis para as visitas diárias.

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