Pinacoteca de SP tem agenda cheia

Além da mostra de Arthur Luiz Piza, instituição expõe muro ótico de Pazé, instalação de Mitsunashi, pinturas de Antônio Carelli, trabalhos de Vera Martins e fotos de Bill

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Além da retrospectiva de Arthur Luiz Piza, o público tem outros quatro bons motivos para ir à Pinacoteca do Estado, em São Paulo, nas próximas semanas. Logo na entrada do museu está em exposição o impressionante muro ótico criado por Pazé para a 3.ª edição da Bienal do Mercosul, e que até o momento só havia sido visto em Porto Alegre. Intitulada Cinzas, essa obra só aos poucos revela toda a sua grandeza, exigindo que o espectador circule em torno dela, aprecie a paisagem tridimensional criada por Pazé por meio da sobreposição de milhares de canudinhos - de distintos tons de cinza -, que formam um muro denso e etéreo, que pode ser atravessado pela luz e pelo nosso olhar. Outro ponto alto da temporada é a instalação preparada pelo artista japonês Nobuo Mitsunashi para ocupar o octógono do museu. Também tomando como ponto de partida a idéia de repetição de um mesmo elemento compositivo de maneira livre e rítmica - matrizes também do trabalho de Piza e Pazé -, o conjunto de figuras, sóis e bacias em cerâmica de alta temperatura e fibra de vidro se dispõe a dialogar com o espectador. Estabelecendo um jogo contínuo entre o todo e as partes (pequenas estruturas na forma de espinhos que recobrem todos os elementos da obra, que funcionam como uma espécie de DNA de base desses seus primeiros trabalhos figurativos), o trabalho envolve o público numa intensa carga dramática, cênica e um tanto quanto mística. Mitsunashi, que já tem três das dez pirâmides que apresentou na 21.ª Bienal de São Paulo em exibição permanente no jardim da Pinacoteca, também exibe a partir do dia 3 uma série de obras recentes na Galeria Deco. Na contramão dessa construção relativamente sóbria dos artistas citados estão as pinturas coloridas e vibrantes de Antônio Carelli. Para essa mostra foram selecionadas 27 pinturas pelo artista nascido em 1926. Estão representadas na mostra as obras da série Mata Atlântica, releituras de mestres como Francis Bacon e Ticiano, além de mosaicos e murais sobre cerâmica. Por último, também está sendo inaugurada no museu da Avenida Tiradentes a exposição Claustro, de Vera Martins, que reúne uma série de trabalhos que remetem a questões afetivas, relacionadas ao universo feminino, à morte e ao nascimento, mas a partir de uma construção plástica extremamente delicada e sobretudo enxuta. Saindo para o Parque da Luz, mais precisamente para o quiosque que costumava ser chamado de ponto chique, ainda há para ser visto o curioso registro feito por Bill, motorista do Grupo Estado que, ao acompanhar os repórteres em pautas policiais, plantões diante da casa de políticos ou concorridas entrevistas com os astros do momento - de jogadores de futebol ao governador Geraldo Alkmin -, decidiu desenvolver ele próprio seu trabalho e registrou não o que se passava diante das câmeras, mas essa parafernália e confusão que normalmente passa despercebida do grande público. Confirmando ainda mais sua diversidade, a Pinacoteca convida ainda, neste sábado de múltiplos vernissages, para o lançamento do livro O Visconde de Guaratinguetá - Um Fazendeiro de Café no Vale do Paraíba, uma nova edição da obra de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. Antônio Carelli, Vera Martins, Nobuo Mitsunashi e Pazé. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, n.º 2, tel. 229-9844. Até 29/9. Abertura sábado, às 11 horas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.