"Piave" acerta no cardápio

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Por Agencia Estado
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Pequeno, moderno, claro, com uma cozinha italiana muito acima da média e com um serviço até que simpático, mas confuso. Foi assim que se mostrou o Piave em duas visitas sucessivas, numa das quais a falta de entrosamento do serviço prejudicou bastante o resultado final. O restaurante é simples, com fachada de vidro e um pequeno bar na entrada, com quatro mesas normais e mais duas altas, para bebericar de pé. Depois, o salão com umas dez mesas, cadeiras de metal (meio fundas demais) e paredes com partes sem o reboco, para dar a impressão de antiga. Há, ainda, um salão no andar superior com mais 20 mesas, e a casa coloca mais duas na calçada nos dias bonitos. O nome do restaurante representa uma homenagem do proprietário, Ricardo Grasson, à região onde fica a aldeia de seus bisavós, Fosseta del Piave, no Vêneto. No restaurante, fotos e réplicas dos documentos da família ilustram essa história. Ricardo diz que sempre teve a ambição de abrir um restaurante italiano. Assim, foi para a Itália, onde passou sete anos trabalhando em restaurantes. Começou como lavador de pratos e acabou sócio do La Maremma, que emprestou seu nome de uma região vinícola da Toscana. Há algum tempo, voltou ao Brasil, associou-se ao cunhado Nenê, jogador de futebol, que já esteve no Corinthians e agora está no Grêmio de Porto Alegre, e fundou o Piave. Sua irmã, Katia Grasson, também trabalha no restaurante. Para a cozinha, veio o competente chefe Marcello Ochiuzzi, que trabalhou no La Maremma. O nome pode ter sido inspirado na região do rio Piave, mas a cozinha não é especializada, tem pratos de várias partes da Itália. Na verdade, segundo Ricardo, apenas a polenta com um ragu de javali é da região de Fosseta del Piave. No cardápio, sete entradas (entre R$ 4 e R$ 17); seis saladas (entre R$ 8 e R$ 14); três carpaccios (entre R$ 13 e R$ 15); três sopas (entre R$ 8,50 e R$ 16,80); nove primi piatti (os primeiros pratos de uma refeição típica italiana, massas e risotos, entre R$ 10,50 e R$ 21); oito pratos principais (carnes, aves e frutos do mar, entre R$ 10,50 e R$ 30, para duas pessoas), além das guarnições e sobremesas feitas lá mesmo. O desentrosamento do serviço quase arruinou a primeira visita. O chefe veio à mesa e recomendou vários pratos. Algum tempo depois, nenhum dos primeiros pratos pedidos apareceram. O serviço simplesmente esqueceu as massas, o risoto e a sopa que o cozinheiro havia recomendado com tanto entusiasmo, criando uma expectativa frustrada. Em compensação, todos os "secondi", as carnes e aves, estavam ótimos, começando por uma codorna grelhada bem temperada (quaglie alla diavola), que veio no ponto certo, ainda úmida e muito saborosa. Um prato nada fácil de fazer, pois essa ave grelhada tende a ficar seca. Porção pequena (uma ave). Ricardo diz que o chefe deixa a codorna de molho durante muito tempo numa marinada com ervas aromáticas. Também gostoso o piatto Piave, ou filé Semíramis, para duas pessoas. Um filé alto, recheado com fígado de ganso e trufas. Finalmente, o lombo de vitela à milanesa preencheu as expectativas, veio fininho, sequinho e saboroso. Ficou evidente que ele foi preparada na hora, pois do salão se ouviam perfeitamente os ecos da "surra" que levou para ficar fininho. Lembrou a preparação do filé acebolado do grande Bar do Alemão, na Água Branca. Era a época da ditadura e os jornalistas que freqüentavam o bar apelidaram o prato de "filé direitos humanos". Numa segunda visita, a perdiz confirmou sua classe, mas o fetucine com frutos do mar passou do ponto, veio mole, nada al dente. Entre os risotos, o preparado com espumante e creme de lagosta não é dos mais ricos e veio bem antes do ponto, com o arroz duro. Melhor, mais al dente, o risotto paglierino con salsa di ossobuco (açafrão, parmesão e molho de carne). Uma delícia a ribolitta ? uma sopa de verduras e grãos ?, um dos pratos símbolos da simples e sofisticada cozinha da Toscana. Uma grande opção para uma noite fria. Ricardo garante que o serviço agora está bem melhor, que os jovens garçons evoluíram e que um novo maître está coordenando o serviço. É bom mesmo. A carta de vinhos é limitada. Pelo menos, oferece alguns vinhos do Piave (produtor Lazzarina, Cabernet e Merlot). Ricardo diz que fez um acordo com uma grande importadora, que está montando uma carta com mais de 50 rótulos. Café expresso gostoso. Piave - Alameda Lorena, 1196. Tel: 280-9984

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