Pesquisador fará inventário fotográfico do Rio

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Por Agencia Estado
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Ricardo Mendes fala rápido, tem muitos projetos e é apaixonado por história. Mendes também é coordenador da Equipe Técnica de Pesquisas em Fotografia do Centro Cultural São Paulo e durante um ano vai receber a bolsa de R$ 2,8 mil da Associação Vitae de Artes para tocar mais uma pesquisa: Cultura e Fotografia na Cidade do Rio de Janeiro: 1900 - 2000. A empreitada pode parecer árida para alguns: investigar como as imagens fotográficas são usadas pelos agentes culturais do Rio de Janeiro ao longo do século 20. Enfurnado a partir de abril em arquivos para começar o levantamento bibliográfico do seu trabalho, Mendes - que dedica-se há dez anos à fotografia - pretende fazer um rastreamento em mais de 150 publicações brasileiras sobre fotografia, editadas no século passado, buscando pistas para complementar um trabalho já realizado, Cultura e Fotografia Paulistana no Século 20, editado em 1992. Nesse primeiro volume, escrito em parceria com Mônica Junqueira de Camargo, a história da fotografia e o desenvolvimento cultural de São Paulo estavam em foco. Tratava-se de entender como as imagens fotográficas eram apropriadas culturalmente na capital paulista, situar sua importância e significações. Caso exemplar do trabalho foi examinar a relação dos modernistas com a foto, encarada por alguns como um valioso meio de documentação, mas longe de alcançar status de arte, explica o pesquisador graduado em Arquitetura e Cinema pela Universidade de São Paulo e pós-graduado na Escola de Comunicações e Artes da USP, com o projeto de mestrado Vilém Flusser no Brasil: Pensando a Fotografia dos Trópicos. No novo trabalho, Mendes quer estender a análise para o Rio, considerada por ele como a cidade que forma com São Paulo os dois pólos que influenciam paralelamente a cultura nacional, mas muitas vezes mantendo-se isoladas. O pesquisador, que fora do trabalho de catalogação e referência do Centro Cultural São Paulo dedica-se à consultoria fotográfica, organização de exposições e livros (o último foi Retratos do Imaginário de São Paulo: Fotógrafos e Personagens, da Formarte/Dedalus) executará a segunda etapa do trabalho no Rio. Nesta etapa, ele fará entrevistas com pessoas ligadas a extintos órgãos do Estado, lembrando que a ex-capital do País colocou agentes estatais em primeiro plano nesta história que ele procura recuperar. Com tanta dedicação à fotografia, uma curiosidade óbvia. Mendes fotografa? "Gosto de editar livros e organizar exposições", rebate. "Presta atenção! No Brasil não há nenhum livro de história da fotografia editado. Não estou falando de livro superespecializado. Não há nenhum livro básico para estudantes", continua Mendes, dando provas de que o amor pela fotografia exige muito mais do que fotógrafos.

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