
25 de março de 2011 | 00h00
De qualquer forma, a ficção criada em torno do personagem real Marcelo, que cumpre pena na penitenciária, vale-se do encantamento um tanto ambíguo que os grandes malandros despertam em cada um de nós. Para explorar essa possibilidade, VIPs investe em roteiro bem depurado, na filmagem caprichada e feita de ligações rápidas entre as sequências e, claro, num ator da pesada e de grande carisma. O resultado é convincente, ainda mais para um filme que se destina ao grande público.
É uma escolha e que traz consequências. Por exemplo, se a primeira parte, no tráfico de drogas, é bem desenvolvida, o que se segue parece cortado às pressas, para dar "agilidade" e colocar o filme na metragem padrão. Fica faltando coisa. O que sobra tem sabor, embora seja insuficiente.
VIPs dá embalagem charmosa a temas contemporâneos fundamentais, como a questão da identidade problemática, o fascínio acrítico pelas celebridades, a inconfessável atração pela marginalidade (dentro de certos limites), etc. Essa busca de comunicação imediata com o público cobra o preço de uma certa ligeireza. É perigoso, mas inegavelmente sedutor, como o malandro vivido por Wagner Moura.
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