Perigos de 'Titanic' em 3D

"A gente sente como se a água quase espirrasse na gente", diz Kate Winslet

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Por Flavia Guerra e LONDRES
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100 anos depois do mais famoso naufrágio da história, 15 anos depois do mais famoso, e rentável, filme sobre o naufrágio mais famoso da história. E a epopeia volta às telas. Agora em 3D. Titanic 3D estreia em abril, marcando o aniversário da partida do navio do porto de Southampton para NY em 12 de abril. "A experiência 3D leva o Titanic a outro nível. Você realmente sente o perigo que eles corriam", disse James Cameron sobre seu mais novo projeto enquanto caminhava e conversava com a imprensa, pelo tapete vermelho, em direção ao Royal Albert Hall, em Londres, onde ocorreu na noite de terça-feira a première mundial do filme. O lançamento lotou o Royal Albert Hall, palco de concertos e óperas memoráveis. "É especial estar aqui hoje, tanto tempo depois, e ainda assim sentir a emoção que o filme provoca. Fiquei aterrorizada de saber que minha performance no filme iria ser vista em 3D, mas admito que a gente sente como se a água quase espirrasse na gente", afirmou a atriz Kate Winslet, que, ao lado de Cameron e Billy Zane, estiveram na première. Nestes 15 anos, uma geração cresceu sonhando com Leonardo Di Caprio, viu a revolução do 3D tomar conta do mercado mundial, detonada principalmente por Avatar, em 2010 (também, não por acaso, dirigido por Cameron) e hoje vê o 3D como "cinema de todo dia". "É incrível poder adicionar esta dimensão a Titanic, que não pude fazer nos dois anos que o filme levou para ser feito", declarou Cameron, que planeja lançar outros de seus filmes, incluindo Exterminador do Futuro, no mesmo formato. Já Winslet vê na reestreia de Titanic a volta de uma história que marcou sua vida. "Na verdade, passei o dia respondendo sobre como é voltar ao Titanic. Confesso que nunca me afastei dele, faz parte de mim. Graças a ele, pude fazer escolhas muito boas e criativas na minha carreira", dizia a atriz, sempre elegante, vestindo um vestido longo preto. Se a nova geração, para quem Di Caprio está mais para o cínico J. Edgar do que para o jovem idealista Jack Dawson, vai sentir a mesma emoção, ainda é mistério. Mas é inegável que Cameron é mestre em "lançar tendência". Os não fãs de seu cinemão que o perdoem, mas é dele, e de Titanic, vencedor de 11 Oscar, o marco de maior bilheteria da história. Nestes últimos 15 anos, o diretor, que tem se próprio submarino, de onde desembarcou diretamente para a première em Londres, navegou por águas sinuosas, perdeu um Oscar para a ex-mulher em 2010 (Kathryn Bigelow, que levou a melhor com 'Guerra ao Terror'), mas elevou o 3D a mares nunca antes navegados com Avatar. Cameron prepara novos projetos, mergulha nas águas profundas das Fendas Marianas e, no meio tempo, encontra tempo para fazer o Titanic saltar das telas. "Mergulhar, navegar, é o que me faz ter tantas ideias para meus filmes. É minha curiosidade por este mundo em que vivemos que me alimenta. Nesta última aventura, nas Fendas Marianas (sudeste da ilha de Guam, no Oceano Pacífico), senti que estava vendo coisas que ninguém nunca tinha visto", contou. "Com Titanic, por exemplo, fiz questão de mergulhar 12 vezes no local do naufrágio, para ter exatamente uma maquete que fosse como o original. Titanic, agora, está mais real." Quem não gostava do original não vai ter nada a ganhar com o novo. O cinema salta aos olhos, mas a trama continua a mesma. Como é tradição em Londres, as premières internacionais são um programa à parte na cidade. Nem em Hollywood se veem pré-estreias que param literalmente o centro nervoso da cidade para ver as estrelas passarem no tapete vermelho. Mas Cameron, megalomaníaco que é, deixou desta vez a Trafalgar Square de lado e escolheu o monumental Albert Hall e seus oito mil lugares para içar as velas de seu novo projeto. "Aqui é o lugar perfeito. Estou feliz de poder reestrear aqui. Vai trazer sorte", aposta.

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