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Peças são levadas em mais um assalto a museu no Rio

Dez dias após o roubo de telas de Picasso, Monet, Dalí e Matisse do Museu Chácara do Céu, onze peças do século 19 com detalhes em marfim, prata e ouro são roubadas

Por Agencia Estado
Atualização:

Dez dias após o roubo de telas de Picasso, Monet, Dalí e Matisse do Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, dois homens armados invadiram, no fim da manhã desta segunda, 6, o Museu da Cidade, localizado no alto do Parque da Cidade, na Gávea, zona sul, próximo da Favela da Rocinha, e levaram onze peças do século 19 com detalhes em marfim, prata e ouro. O cenário se repetiu: seguranças desarmados e sistema de segurança falho - no caso do Museu da Cidade, administrado pela prefeitura, não havia alarmes ou sistema de câmeras. De acordo com a diretora do museu, Heloísa Queiroz, os criminosos chegaram por volta das 11 horas e renderam os dois seguranças, quatro funcionários da limpeza, ela e outros dois do setor administrativo. Todos foram trancados no banheiro do museu, que não abre para o público às segundas. A ação durou cerca de 40 minutos. "Eles só falavam a palavra ouro, o tempo inteiro. Pareciam conhecer o museu", disse a diretora. Segundo ela, um dos homens segurava um papel onde, supostamente, havia uma lista dos objetos a serem roubados. "Ele abria o papel toda hora, mas não há como afirmar que era uma lista." As dez peças estavam expostas numa vitrine, que foi quebrada por um dos bandidos com a arma, no primeiro andar do museu, antes da chegada de um funcionário - que teve a arma apontada para a cabeça - com a chave. Levaram a vitrine completa - as peças foram embrulhadas no veludo sobre o qual estavam expostas. Lacuna no acervo "O valor histórico é incalculável, são peças únicas que contam a história do Império. O roubo abriu uma lacuna, desfalcou - e muito - o nosso acervo", declarou a diretora do Arquivo Geral da Cidade, Beatriz Kushnir. Ela disse temer que as peças sejam derretidas. "O que está acontecendo na cidade, infelizmente, é um processo em escala." Segundo Heloísa, câmeras e alarmes não impediriam o roubo. "Foi a primeira coisa que eles perguntaram, se havia câmeras, pedindo as fitas e ameaçando os funcionários. Não se sentem inibidos por isso." A prefeitura divulgou uma lista dos objetos roubados: uma bengala com detalhes em ouro; um sabre em marfim, metal dourado e prata; uma espada em prata e metal dourado; um florete em madrepérola, prata e metal dourado; uma amassadeira em madeira e prata; uma colher de pedreiro em prata; um martelo em prata; uma insígnia da Ordem de Cristo; uma insígnia da Ordem da Rosa; um leque em marfim e papel; e uma miniatura do sabre de Duque de Caxias em prata. O Museu da Cidade tem cerca de 16 mil peças no acervo. Ainda não terminaram os depoimentos de funcionários do museu na 15.ª Delegacia de Polícia, na Gávea. Criado em 1934, o Museu da Cidade foi transferido para o parque de 470 mil metros quadrados em 1941. Funciona em um solar do século 19, comprado pelo Distrito Federal em 1939. É administrado pela prefeitura desde 1994. Entre as obras em exposição, há quadros de Taunay, Visconti, Glaziou, Armando Viana e Grandjean de Montigny. O Museu Chácara do Céu reabriu hoje. Três policiais militares faziam a segurança, pela manhã. No fim da tarde, um homem acusado de transportar os assaltantes em uma Kombi foi preso pela Polícia Federal, que investiga o crime. O depoimento dele não havia terminado até as 19 horas. Os quadros não foram recuperados.

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