Peça mostra os dois lados de uma história

À medida que a narrativa evolui, uma versão da história - e uma ideia do caráter dos pais - se firma na mente do público

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Por Murilo Bomfim
Atualização:

Jô Soares não sabe definir com exatidão o que o faz aceitar mergulhar em um projeto teatral. "A minha escolha é sempre feita mais pelo irracional do que pelo cerebral", diz. "O que me leva a topar um convite é muito mais a empatia pessoal de quem convida." E, segundo ele, não foi nada difícil ceder ao pedido do ator Otávio Martins para traduzir e dirigir a peça Três Dias de Chuva. A indicação de que um mesmo ator interprete um filho e o respectivo pai é original do autor, Richard Greenberg. "Ele faz uma dramaturgia elíptica. Chega uma hora em que o público liga os pontos e entende, no segundo ato, muito do que se viu no primeiro", diz Martins.À medida que a narrativa evolui, uma versão da história - e uma ideia do caráter dos pais - se firma na mente do público. Os prejulgamentos são totalmente desconstruídos quando a plateia conhece o outro lado da moeda. "O que é incrível nesse texto é que ele transmite a dificuldade de uma geração passar à outra a emoção dos acontecimentos", diz Gontijo. "Muitas vezes, temos fotos ou poemas, mas não compreendemos realmente como as coisas aconteceram no passado."Como sugere o nome da peça, o palco é tomado por um clima cinzento e úmido, ainda que não haja chuva física. A queda de água causaria ruído e dificultaria o entendimento das falas. Ainda assim, a precipitação se faz presente: "Tem um personagem que, às vezes, entra parecendo um pinto molhado. Tem chuva, sim, e resfriado também", brinca Jô.

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