Peça Lavanderia Brasil usa humor para retratar ricos levianos

Sob a direção de Moacir Chaves, peça conta com o recurso de um telão que traz explicações ao espectador e algumas inserções engraçadas

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Por Agencia Estado
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Autores e atores da comédia Lavanderia Brasil, que estréia hoje no Teatro Procópio Ferreira, dispensam apresentações. O cartunista Miguel Paiva - autor de quadrinhos como a Radical Chic e O Gatão da Meia-Idade - e o músico Zé Rodrix são os autores. No elenco, Paula Burlamaqui, Felipe Camargo, Marcos Breda e Marília Medina. Na direção, o carioca Moacir Chaves, que já mostrou em São Paulo ótimos espetáculos como Bugiaria e Utopia. Chaves foi especialmente convidado a dirigir Lavanderia Brasil. "Aceitei porque gostei do texto. É uma comédia de duplo caráter. É despretensiosa, mas tem uma acidez crescente, como se os autores fossem tomados por uma certa impaciência com o tema e os personagens, o que a torna muito interessante." A trama envolve um casal de classe média alta que se vê em apuros financeiros. A estrutura é de uma comédia de esquetes, não há relação de causa e efeito entre um quadro e outro. Por exemplo, logo na primeira cena eles despedem seus empregados sem pagar o que devem. "E não se fala mais nisso, ninguém volta para reclamar, a peça não explora as conseqüências disso." O que poderia parecer falha de dramaturgia, para Moacir é virtude. "A peça retrata a forma leviana com que essa classe social lida com o mundo. Eles não medem conseqüências, acham que no fim tudo se resolve. E se resolve mesmo, porque nada atinge essas pessoas." Para o diretor, o espetáculo revela a falta de profundidade e a impunidade que perpassa os procedimentos dos personagens. "Numa outra cena, eles convidam um casal de amigos para ir a um restaurante na certeza de que a conta será paga pelos convidados. Mas o outro casal também está ´liso´ e tem a mesma expectativa. Quando eles descobrem a situação em que se meteram, morrem de rir. E é engraçado mesmo." Não vale estragar a surpresa, mas eles vão dar um jeito de se safar. Claro que tudo isso se resolve na chave do humor. "É uma comédia engraçada mesmo, com espírito crítico, inteligente e com um humor que funciona no palco", argumenta. A montagem conta ainda com o recurso de um telão que traz explicações ao espectador e algumas inserções engraçadas, como um telejornal cujas notícias são puro nonsense. Lavanderia Brasil. Teatro Procópio Ferreira (670 lug.). Rua Augusta, 2.823, Cerqueira Cezar, 3083-4475, metrô Consolação, 6.ª, 21h30; sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 30 a R$ 50. Até 4/6

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