Peça faz humor escrachado

"Rumo ao Planeta Boeing" marca a estréia em São Paulo da companhia Os Melhores do Mundo, fundada em Brasília há 12 anos

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Por Agencia Estado
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A irreverência da Companhia de Comédia Os Melhores do Mundo começa pelo nome de batismo, mas ao que tudo indica não pára aí. Fundada em Brasília há 12 anos, tem um público cativo em sua cidade e começa a conquistar espectadores para além do Planalto Central. Sexo - A Comédia, espécie de carro-chefe no repertório da companhia, já fez temporada no Rio e em Belo Horizonte. Os paulistanos terão a primeira amostra do humor escrachado e crítico do grupo com o espetáculo Rumo ao Planeta Boeing, que estréia nesta terça-feira no Teatro Folha. Com direção de Adriana Nunes e cinco atores, a comédia narra a "saga" dos astronautas da primeira nave tripulada brasileira, no ano de 2085. Eles têm uma missão a cumprir - levar mudas de bananeiras para um planeta onde a vida está prestes a se extinguir. A partir dessa trama simples, eles brincam com vários clichês de filmes no estilo Star Trek e, claro, com as típicas mazelas do serviço público brasileiro. "É uma grande brincadeira, nosso objetivo é o entretenimento, mas também há críticas embutidas no espetáculo", diz Adriano Siri. Seu papel no espetáculo é o de médico e copeiro da nave. Como assim, médico e copeiro? "Ele é médico, mas como só havia concurso público para copeiro e ele também sabia fazer e servir cafezinho... Uma vez lá dentro, acumulou as funções", explica Adriano. "Ele é o mais vulnerável dos tripulantes, sempre muito medroso." Corajoso mesmo é o comandante da nave, o enérgico capitão Junqueira, interpretado por Jovane Nunes. O único problema é que ele é um tanto quanto melodramático e surta de vez em quando. "É também um pouco estúpido, mas quando fica na dúvida, passa a responsabilidade para o seu braço direito, o co-piloto Paranhos (Victor Leal). Ele é mais centrado e contido, por isso funciona como o conselheiro do capitão." Ricardo Pipo é o Teixeira, o responsável pela comunicação a bordo, não só com a Terra, mas também com os alienígenas com os quais eles se encontram em pleno espaço intergaláctico. Outro personagem é o Meirelles, o chefe da casa de máquinas, vivido por Welder Rodrigues. "Ele é meio gente, meio robô, um mecânico biônico. Isso de ser biônico já foi moda no Brasil", ironiza Adriano. Teixeira e Meirelles certamente terão muito trabalho durante o percurso, porque a nave não funciona exatamente como o desejado, provavelmente por causa de favorecimentos nas licitações para a compra de equipamentos. O mais grave porém é que há um sabotador a bordo. "No finalzinho do espetáculo, o público deverá decidir, por meio do voto direto, quem é o sabotador. Se acertar, ele é retirado e a missão tem êxito. Do contrário, ela fracassa. Nós preparamos quatro finais diferentes, de acordo com a escolha do público", diz Adriano. Mas ele antecipa que os mais tímidos não precisam fugir do teatro. "A interatividade tem um grau bastante leve, não vai constranger ninguém." Com cerca de 25 peças no currículo - nem mesmo Adriano sabe o número exato -, a companhia estréia na sexta-feira outro espetáculo em Brasília - Misticismo. Serviço - Rumo ao Planeta Boeing. Texto, direção e interpretação da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo. Duração: 100 minutos. Terça e quarta, às 21 horas. R$ 30. Teatro Folha. Avenida Higienópolis, 618, Piso 2 do Shopping Pátio Higienópolis, tel. 3823-2323. Até 29/5

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