PUBLICIDADE

Peça de Loyola precisa de patrocínio

Por Agencia Estado
Atualização:

O escritor Ignácio de Loyola Brandão conhece o sucesso dos romances e contos em 35 anos de sólida carreira literária. Basta lembrar de Zero (1975), romance traduzido em mais de dez países, o célebre Não Verás País Nenhum (1981), ou o mais recente romance, O Homem Que Odiava a Segunda-Feira, indicado para o Prêmio Jabuti 2000. Com este último, em que ele mais uma vez afia sua visão irônica sobre as idiossincrasias humanas, o escritor e cronista do Caderno 2, do Estado, está enveredando pela primeira vez pelos caminhos da dramaturgia. "A gente tem de estar aberta a tudo", aposta o escritor, que realiza o trabalho com o apoio dos dramaturgos João Bosco e Zezé Brandão. A peça, ainda sem data de estréia, terá a direção de Naum Alves de Souza e no elenco, as presenças confirmadas dos atores Gérson de Abreu e Rosi Campos. Uma equipe e tanto, é inegável. O projeto, no entanto, está sendo tocado por quatro jovens atores, decididos a mostrar seu talento no palco e fora dele, como produtores. Intitularam o projeto Strumbica - alusão à célebre frase de Chacrinha, "Quem não se comunica, se estrumbica" -, pois queriam falar exatamente sobre o tema que tange a maioria dos livros de Ignácio: as dificuldades de comunicação do homem contemporâneo. Contrataram as produtoras Suzana Porto e Marta Oberst, para formatar o projeto que seria inscrito na Lei Rouanet, do Ministério da Cultura. Recém-aprovado, sob um orçamento de R$ 432 mil, aos atores Fernanda Brandão, Gustavo Arantes, Rennata Airoldi e Reinaldo Cônsoli, resta agora o desafio de emplacar o projeto nas empresas. "Estamos saindo a campo e já percebemos que não é nada fácil", diz a proponente do projeto, a atriz Suzana Brandão, de 27 anos, formada em artes cênicas na Unicamp. Ela não esconde a primeira lição para neófitos em produção: "É preciso aprender a driblar secretárias, o que é uma verdadeira maratona." Mas Suzana enxerga as vantagens de ser atriz e produtora do próprio projeto, ainda que seja um desafio incorporar ao currículo artístico o item que discrimina conhecimentos mercadológicos. "A possibilidade de acompanhar todas as fases de um projeto teatral é fundamental para nós, atores", analisa. Suzana, que é prima de Loyola (assim como os dramaturgos Zezé, seu primo, e Bosco, seu irmão), atesta que sempre "teve profundo interesse pela obra literária dele". Mas nunca surgia a oportunidade. Por insistência dela, que desenvolvia com seu grupo desde 99, improvisações sobre o tema da incomunicabilidade humana, o autor topou adentrar o mundo que não lhe cabia, dividindo a tarefa não só com os dramaturgos convidados, como com o diretor Naum e os atores. "Para um escritor, acostumado à criação solitária, o trabalho coletivo não deixa de ser uma violação - mas nada parecido com a violação do painel, não", moteja Ignácio. "O primeiro passo foi ler o livro em voz alta, para encontrarmos a espinha dorsal do texto." A primeira versão levou três meses para ser concluída. "É claro que se eu tivesse experiência, seria mais fácil", segreda. A peça costura 15 esquetes, em que o tema principal é abordar as dificuldades de comunicação do homem contemporâneo, com tudo o que ele carrega de exacerbado, como o individualismo e o egocentrismo. Mas tudo com humor, sarcasmo e absurdo. Além dos personagens principais de O Homem Que Odiava a Segunda-Feira, Loyola está enxertando algumas histórias nascidas das crônicas que publica em O Estado e em O Tempo, de Belo Horizonte. Interligados, os textos reafirmam o absurdo da vida cotidiana, "transformada em uma parafernália de gagdets, controles remotos, celulares, caixas eletrônicos" e todos os objetos "necessários" à vida moderna. Tanto é que um dos quadros transcorre em torno de uma família à mesa de refeições. No entanto, os familiares só são capazes de conversar por meio de telefones celulares. E há o tema da solidão, permeando o desejo de um homem de tentar conversar com uma formiga todas as manhãs, que vai participar de um movimento nacional para eliminação da segunda-feira do calendário e que acabará falando uma língua desconhecida, não inventada, ainda que continue pensando em português. Uma das propostas aos patrocinadores é o oferecimento de cotas de apoio cultural, da ordem de R$ 50 mil. Já as cotas de patrocínio perfazem R$ 216 mil. O grupo está aberto a propostas e parcerias. As empresas interessadas devem ligar para um desses telefones: 284-3438 (Fernanda Brandão), 3277-2597 (Rennata Airoldi) e 3873-7894 (Zezé Brandão).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.