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Peça de Harold Pinter inaugura teatro em SP

O espetáculo O Monta Cargas, do dramaturgo inglês, abre amanhã a Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico, em Pinheiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois assassinos profissionais aguardam em um quarto de um hotel decadente, em Birmingham, Inglaterra, a ordem de executar o serviço. A história de O Monta Cargas, de Harold Pinter, um dos maiores dramaturgos britânicos, inaugura amanhã mais um teatro em São Paulo: a Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico. "É uma sala pequena, com 160 lugares, com o clima intimista necessário ao texto de Pinter", diz o ator Kito Junqueira, que protagoniza e produz a peça. No palco, apenas dois atores: Ben (Rubens de Falco) e Gus (Kito Junqueira), personagens angustiados, contratados por uma organização misteriosa, que cumprem ordens superiores e reagem, coagidos e subjugados, como a grande maioria da massa humana. Em clima de tensão, silêncio, surpresas e humor, Pinter mantém o suspense até o final. Enquanto esperam, os bandidos do texto de Pinter são envolvidos em uma atmosfera de mistério, ressaltada pelo funcionamento de um monta-cargas (pequeno elevador utilizado para atender pedidos de hóspedes). Comédia sinistra - "A peça tem doses de tensão e humor, em que o autor coloca situações do dia-a-dia em uma posição dramática, que vai ao realismo extremo", comenta o diretor Alexandre Tenório. "Fui o mais fiel possível ao Pinter, pois o texto é enxuto, todas as frases têm um sentido muito claro." Tenório classifica o texto como uma comédia sinistra. "Ben é controlado e não se envolve emocionalmente com seu parceiro de trabalho", afirma Rubens de Falco. "Gus é questionador e inquieto, gosta de falar sobre sua vida pessoal", conta Kito Junqueira. Os figurinos, criados com exclusividade pelo estilista Ricardo Almeida, foram confeccionados no estilo das décadas de 40 e 50. São ternos em risca de giz, inspirados em filmes policiais. "As roupas foram feitas sob medida para valorizar os atores em cena", diz Ricardo Almeida. O cenário de Renato Scripilliti remete a um quarto de hotel. "A intenção é passar a idéia de um lugar deteriorado, que desperte a imaginação do público", afirma o cenógrafo. O Monta Cargas também marca a volta de Rubens de Falco e Kito Junqueira ao palco. "Está sendo uma experiência agradável trabalhar com o Kito, somos dois atores maduros fazendo um espetáculo que inaugura um espaço na cidade", afirma de Falco. "Sou amigo do Rubens há 20 anos, desde a época em que fazíamos novelas na Bandeirantes. Quando vi o texto, em outubro, logo o chamei para trabalharmos juntos", diz Junqueira. "Voltar aos palcos com uma peça de um autor do gabarito de Harold Pinter é um grande desafio. Estar em cena com o Rubens, um grande amigo com quem fiz vários trabalhos na TV, é muito prazeroso." No começo da década de 90 Kito Junqueira morou por dois anos nos EUA, onde dirigiu o espetáculo Full House (de Gordon Osmond), que percorreu o circuito universitário do país. "Primeiro fui chamado aos Estados Unidos para protagonizar uma versão da peça Bent para o cinema. O projeto não deu certo, mas acabei ficando por lá." De volta ao Brasil, foi eleito deputado estadual (1994/1998) pelo Partido Verde. "Jamais voltaria à política. Fiquei muito decepcionado. E depois de oito anos afastado da cena artística resolvi voltar. Acho que poderei fazer bem mais para diminuir a mediocridade predominante na televisão, no teatro e no cinema." O Monta Cargas. Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico (Rua Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros; s/telefone) Quinta e sexta, às 21h. Sábado, às 20 e 22h. Domingo, às 17 e 19h. Ingresso: R$ 40.

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