Peça dá tratamento bem-humorado a conflito familiar

Com texto vencedor do Prêmio Estímulo Flávio Rangel, Vidas Calientes entra amanhã em cartaz, marcando a estréia como dramaturgo do ator Luque Daltrozo

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Por Agencia Estado
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Conflitos provocados por relações humanas e envolvendo instituições como a família e a Igreja recebem tratamento ágil e bem-humorado em Vidas Calientes, espetáculo que estréia amanhã à noite no Teatro Augusta. Fernando Peixoto dirige a peça, a primeira de autoria do ator e produtor Luque Daltrozo, um gaúcho de 35 anos, que se mudou para São Paulo em 1987, para integrar o elenco de Despertar da Primavera, sob direção de Ulisses Cruz. O texto foi um dos vencedores do Prêmio Estímulo Flávio Rangel, o que valeu à montagem um apoio financeiro no valor de R$ 50.000. Com vasta experiência como produtor - entre outros tem no currículo a produção de A Dama do Cerrado, de Mauro Rasi, e O Carteiro e o Poeta - Daltrozo auxiliou Peixoto na escolha do elenco. "Ele trazia vários atores para os testes", lembra. Não foi o caso de uma atriz como Imara Reis, que Peixoto conheceu em 1973, quando ela foi selecionada para o elenco de Calabar, montagem proibida pela censura. "Em Vidas Calientes ela interpreta uma mãe de família típica, dessas que vêem televisão." E cuida dos filhos. No elenco estão ainda Daniel Gaggini, Patricia Vilela, Renato Scarpin, Francisco Taunay, Plínio Gouvêa e Jamil Kubruk. A mãe vivida por Imara tem dois filhos. O filho solteiro mora com ela. E reclama do excesso de atenção que a mãe dá à irmã casada. "Ela tem uma certa fascinação pelo genro. Ao mesmo tempo, ele viaja muito e ela, durante essas viagens, toma conta do neto." Mas o pivô de todo o confito será mesmo o filho. Homossexual, ele mantém um caso com um homem casado por dez anos. A revelação do "caso" vai afetar todas as relações familiares, da avó ao neto, passando pela irmã e pelo cunhado. Ninguém ficará imune. Em meio a uma grande confusão, numa espécie de fuga do problema, o filho acaba por envolver-se com um padre. "O interessante nisso é que o sujeito casado se dá muito bem com a mulher dele, não pensa em separação. O padre também não quer abandonar a Igreja. O grande problema do garoto é menos a relação homossexual e mais a ausência de retorno afetivo na forma que deseja, é a sua dificuldade de manter um relacionamento com alguém que não esteja dividido." Segundo Peixoto, a peça tem uma dinâmica de cortes quase cinematográfica. "São 13 cenas, algumas muito rápidas. As passagens de tempo e espaço também são rápidas e marcadas pela luz." O espetáculo possui quatro cenários: casa, rua, bar, igreja. Cada um deles marcado por poucos elementos - sofá, televisão, confessionário ou mesa. Vidas Calientes. Comédia Dramática. De Luque Daltrozo. De terça a quinta, às 21 horas. R$ 15,00 (terça) e R$ 20,00. Teatro Augusta. Rua Augusta, 943, tel. 3151-4141. Até 20/12.

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