PUBLICIDADE

Pavilhão brasileiro na Feira de Frankfurt pretende derrubar clichês

Espaço celebra o livro impresso e pretende ressignificar símbolos normalmente ligados ao País

Por Frankfurt
Atualização:

Depois da misteriosa escuridão que marcou o pavilhão da Nova Zelândia no ano passado, chegam a luz e o calor acolhedor do Brasil. Foi esse ponto de partida que norteou os artistas Daniela Thomas e Felipe Tassara a ocupar os 2.500 metros quadrados reservados anualmente pela Feira de Frankfurt ao país homenageado. “Nossa ideia é também iluminar a mente das pessoas contra clichês que habitualmente cercam o Brasil na Europa, como ser a nação do futebol, mulata, samba e caipirinha – temos muito mais a oferecer”, disse Daniela.

PUBLICIDADE

Para isso, a dupla criou diversos espaços em que particularidades nacionais sempre estão aliadas à cultura. Assim, em um canto, bicicletas ergométricas lembram a disposição para o esporte e, ao pedalar, o visitante assiste a fatos importantes da história do País em um monitor à sua frente.

Em outro local, foram espalhadas redes para deitar acompanhadas de fones de ouvido em que é possível ouvir MPB e assistir à tradução da letra para o alemão também em um aparelho de TV. “Nossa intenção é permitir que o leitor sinta o mesmo prazer de ler um livro, ou seja, receber novas informações para então recriar o seu mundo”, observou Tassara.

Outra importante circunstância que caracteriza o pavilhão brasileiro é ter sido totalmente construído com papel. Foi um desafio. “Sabíamos que é proibido, na Alemanha, utilizar tanto material inflamável em um local fechado, mas, como queríamos homenagear o livro em papel – um companheiro que acompanha o homem há mais de 500 anos –, e, especialmente neste momento, em que ele sofre ameaça de extinção por conta do conteúdo digital, acreditávamos ser imprescindível usar o papel”, relatou Daniela.

A ideia não foi abandonada graças à disposição dos organizadores alemães, que conseguiram um material de fibra vegetal, extremamente semelhante ao papel, mas de difícil combustão. Com isso, Daniela e Tassara conseguiram construir um enorme banco para sentar, localizado no centro do pavilhão, cujo desenho é o mesmo da cobertura do Parque do Ibirapuera, criado por Oscar Niemeyer por conta dos festejos de 400 anos de São Paulo em 1954.

A interatividade era outro desafio enfrentado pelos artistas brasileiros – além das redes e das bicicletas ergométricas, eles decidiram homenagear importantes personagens da literatura brasileira – como André, de Lavoura Arcaica, romance de Raduan Nassar – com totens formados por uma pilha de folhas que trazem informações sobre a obra. O visitante pode levar o papel para casa. “Esperamos que, até o final da feira, no domingo, todos os totens desapareçam, pois trazem detalhes sobre o livro que podem seduzir o leitor”, comentou Daniela.

A dupla criadora sentia necessidade também de apresentar ao visitante estrangeiro as variadas fauna e flora brasileiras, justamente os espaços que inspiram os autores nacionais. Para isso, contaram com a colaboração dos videomakers Gisela Motta e Leandro Lima, que registraram desde favelas a grandes cidades, como o sertão e a floresta densa, captando os 360 graus de todos os espaços. “A sensação é de 3D”, diz Daniela.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.