Pavarotti muda testamento um mês antes de morrer

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Por Efe e Ansa
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O célebre tenor italiano Luciano Pavarotti, que morreu no último dia 6, aos 71 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas, mudou seu testamento em 29 de julho, pouco mais de um mês antes de morrer. A imprensa italiana publica que ele deixou uma fortuna de mais de € 200 milhões (R$ 600 milhões).   O notário Luciano Buonanno, que redigiu o auto na presença de duas testemunhas, disse não saber se houve alterações. O novo testamento foi redigido na vila de Pesaro, onde o tenor se encontrava antes que suas condições de saúde se agravassem e ele fosse transferido para Modena, em 8 de agosto. "Não sei se houve mudanças em respeito a eventuais testamentos anteriores, dos quais não conheço nem a existência nem o conteúdo. Por isso podem existir 15 testamentos válidos e incompatíveis entre si", declarou o notário à agência de notícias Ansa.   O mistério será resolvido somente com a publicação do auto, uma revelação que pode não chegar tão breve, segundo Buonanno, que não confirmou se Pavarotti se limitou a organizar bens secundários em seu último testamento. Trata-se de um testamento público: o conteúdo, incluindo nomes e assinaturas de testemunhas que fazem parte do auto, só poderá ser publicado quando um dos herdeiros fizer o pedido.   Pavarotti se casou em 1960 com Árdua Veroni, com quem teve as filhas Lorenza, Cristina e Giuliana e de quem se divorciou em 1955. Em 2003 nasceu sua quarta filha, Alice, com Nicoletta Mantovani, 30 anos mais nova do que ele, e com quem se casou em dezembro de 2003.   Três filhas   As três filhas do primeiro casamento afirmaram na terça, 11, que seu pai não mudou o testamento 15 dias antes de morrer, como a mídia italiana vinha divulgando. Uma delas, Cristina, leu no telejornal da RAI-1 uma carta, em nome das três irmãs, para desmentir as "notícias falsas e invenções" que surgiram nestes dias após a morte de Pavarotti.   Na carta, criticam a especulação e dizem: "Não conhecemos nenhum testamento elaborado no último momento e não se saberá nada mais até que se abra dentro de vários meses".   O jornal italiano La Repubblica publicou que os bens de Pavarotti, que seriam de mais de € 200 milhões, serão divididos entre sua viúva e suas quatro filhas, mas também por sua irmã Gabriella, sua secretária, seu assistente e seu motorista.   Notário e amigo   Para o anúncio de sucessão de bens há o prazo de um ano, após o qual, na falta da publicação, serão aplicadas, na divisão dos bens, as disposições do código civil e não aquelas do testamento.   Buonanno enviou há dois dias o aviso da existência do auto a quem dá direito. Mas diz que os interessados não têm pressa: "o luto é ainda muito recente e há muita pressão da mídia. E também se trata de pessoas que possuem meios para seguir adiante".   O notário tinha uma relação antiga com Pavarotti: há anos havia pedido ao célebre cantor para participar em uma manifestação a favor de uma organização que "não posso dar certeza, cuida de doentes de câncer. Mas não pôde vir por um compromisso no exterior".   Sucessivamente o notário ocupou-se de outros autos para o tenor, sendo o penúltimo a venda de uma casa com terreno em Modena em junho passado.   Para o último auto, em 29 de julho, Buonanno foi até a vila de Pavarotti em Pesaro. Encontrou-o na cama, derrubado pela doença, "ao menos 30 quilos mais magro, mas ainda imponente e com todos os cabelos". Sua esposa, Nicoletta Mantovani, estava no mar com a filha. Em casa estavam os empregados, um médico e um enfermeiro.   O testamento está ainda no cofre do notário, onde permanecerá até que um dos herdeiros peça a publicação. Buonanno parece solidário, sobretudo ao apelo lançado pelas três filhas mais velhas de Pavarotti, para que não se especule sobre supostas brigas em família e patrimônios fantasma.   "Há uma curiosidade furiosa sobre essa história e sobre a figura de um grande artista: logo após sua morte fui pressionado por um empreendedor que queria comprar a qualquer custo a vila de Pesaro", disse o notário.    

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