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Pato Donald faz 70 anos e visita o Brasil

Hoje, o pato mais famoso do mundo faz 70 anos, com lançamentos em DVD e HQ. O desenhista Don Rosa, que revitalizou seu traço nos anos 80, visitou o Brasil para conhecer o local de uma nova história dos amigos Donald, Zé Carioca e Panchito

Por Agencia Estado
Atualização:

Na Arábia Saudita, chamam-no Batut. Na Dinamarca, Anders And. Na Finlândia, Aku Ankka. Na Indonésia, Donald Bebek. Na Itália, Paperino. Na Suécia, Kalle Anka. A esta altura, você já deve saber que, aqui no Brasil, ele é conhecido como Pato Donald. Hoje, o pato completa 70 anos de idade. E as empresas envolvidas na comercialização de produtos com o personagem celebram a data lançando uma série deles no mercado, entre revistas de histórias em quadrinhos, vídeos e DVDs, programação especial no Disney Channel e uma série de outras ações. O Donald, para os poucos que não o conhecem, está na foto ao lado. É o pato vestido com uniforme de marinheiro, junto com o sorridente senhor de óculos, com cabelos e barbas brancos. Ele nasceu em junho de 1934. Mas ao contrário de Mickey, um de seus companheiros de aventuras, não veio ao mundo como um astro. Estreou como coadjuvante, em um desenho de curta-metragem dos estúdios Disney, The Wise Little Hen ("A Galinha Sábia"). Na época, já usava o infame uniforme de marinheiro, o que lhe dava um ar infantil. Mas o desenho era bem diferente. Mais alto e longilíneo, tinha a cabeça pequena e o pescoço, o bico e as pernas mais compridos. Quem promoveu as mudanças foi Carl Barks (1901-2000), o então anônimo criador do personagem. Com o tempo, Barks aumentou-lhe a cabeça e diminuiu o pescoço, o bico e as pernas, deixando-o com a silhueta próxima do que se conhece hoje. Sua personalidade não passou por grandes mudanças. Desde sempre foi azarado, irascível e conformista, características que valeram leituras ousadas a seu respeito. Como a feita pelos intelectuais chilenos Armand Mattelat e Ariel Dorfman no clássico da sociologia Para Ler o Pato Donald, uma feroz crítica à ideologia capitalista dos quadrinhos Disney. Segundo eles, o pato era um símbolo preconceituoso do proletariado, explorado pelos capitalistas gananciosos e inescrupulosos, representados com riqueza de detalhes pelo Tio Patinhas. O que nos leva ao sorridente senhor de óculos, com cabelos e barbas brancos, que divide a foto acima com o Donald - há tempos, você deve estar se perguntando quem pode ser esse cara. Não é mais um papagaio de pirata, tentando beneficiar-se da fama do pato. Trata-se de Don Rosa, um americano do Kentucky que abandonou a engenharia civil e o negócio de fabricação de telhas herdado da família para se dedicar exclusivamente a desenhar histórias da família pato, em especial Tio Patinhas e Pato Donald. Ele foi responsável pela revitalização dos personagens nos anos 80 e pela concepção de A Saga do Tio Patinhas, que conta a origem do velho sovina desde a infância na Escócia até os dias de hoje. Rosa esteve no Brasil no fim de maio como convidado do 6.º Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, onde inaugurou uma exposição de seus desenhos. Aproveitou a ocasião para conhecer o Rio de Janeiro, o Mato Grosso e São Paulo. Essa pequena excursão teve como objetivo servir de pesquisa de imagens. Ele está desenhando uma história protagonizada pelos "três amigos" Pato Donald, Zé Carioca e Panchito, que vai ser ambientada no Brasil e deve chamar-se The Three Caballeros and the Mines of The Fear ("Os Três Amigos e as Minas do Medo") - houve uma primeira, ambientada no México de Panchito, já publicada no Brasil. "O Pato Donald sempre foi visto como o clássico oprimido, por isso decidi fugir um pouco desse estereotipo e deixá-lo mais à vontade ao lado de seus dois melhores amigos", explicou. O Zé Carioca, que nas histórias brasileiras é visto como o clássico malandro, volta à concepção original de Disney em Você já Foi à Bahia?, como uma espécie de animador de boate. "Não sei se os leitores brasileiros vão gostar, mas achei melhor assim", completou o desenhista. Essa visão politicamente correta da família Pato é uma marca das histórias de Rosa, tido como um discípulo obsessivamente fiel de Carl Barks. Foi lendo as histórias de Barks que o desenhista se apaixonou por esse universo. O que explica por que ele não se aventura a desenhar nenhum outro personagem do universo Disney, como Mickey, Pateta ou Pluto. "Se tivessem contratado Carl Barks para desenhar um desses personagens, talvez eu me interessasse por eles", disse o artista. Quem gosta de Donald na versão para cinema pode acompanhar o lançamento de uma série de filmes em DVD e vídeo deste mês até o fim do ano, começando por Todo Mundo Ama o Donald, com uma compilação de suas melhores animações; Ducktales - O Tesouro da Lâmpada Perdida, que mostra uma viagem da família Pato para o Egito, além de reedições de clássicos como Você já Foi à Bahia? e Alô, Amigos?. Para quem curte o Donald na versão em quadrinhos, a editora Abril através do editor Sérgio Figueiredo avisa que em setembro será lançada uma edição de luxo, com mais de 200 páginas, em formato americano, com histórias do pato de diferentes épocas e desenhadas por variados autores. No mesmo mês, a editora prepara a edição de uma história inédita Barks - a última feita pelo artista - na revista Pato Donald número 2.303. São artigos de luxo, para colecionador nenhum perder.

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