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Passo Fundo recebe multidão para discutir literatura

9ª Jornada de Literatura, maior encontro do gênero do Brasil, começa nesta terça-feira, com participação de mais de 100 autores e 10 mil amantes das letras

Por Agencia Estado
Atualização:

Começa nesta terça-feira o maior encontro de literatura do País. Ao todo, mais de 10 mil pessoas estão inscritas para participar dos debates que ocorrem debaixo de lonas de circo na cidade gaúcha de Passo Fundo. O tema da 9.ª Jornada Nacional de Literatura é 2001 - Uma Jornada na Galáxia de Gutenberg: da Prensa ao E-Book. Uma série de encontros e mesas-redondas estão previstos para discutir o passado e o futuro dos livros. Uma réplica da prensa de Gutenberg (vinda da Alemanha) estará exposta na cidade durante o evento, que termina na sexta-feira. Até lá, mais de 4.000 adultos e até 2.000 crianças por dia nas "jornadinhas" terão participado do evento. Segundo a organização, liderada pela professora de literatura da Universidade de Passo Fundo Tânia Rösing (que concorreu como fomentadora cultural ao Prêmio Multicultural Estadão Cultura deste ano), mais de cem autores estarão presentes - entre eles, o argentino-canadense Alberto Manguel, autor de No Bosque do Espelho, e o chileno Antonio Skármeta, de O Carteiro e o Poeta. Entre os brasileiros, estão Antônio Torres, de Essa Terra, e Ignácio de Loyola Brandão, de Zero. As Jornadas de Literatura surgiram há 20 anos, como uma sugestão do escritor Josué Guimarães aceita por Tânia. Começaram regionais, mas, com o bom resultado alcançado pela organização, já na segunda edição se tornaram um evento nacional, levando escritores de todo o país a cada dois anos à cidade, que tem 166 mil habitante e fica a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre. Neste ano, será entregue, pela segunda vez, com apoio da prefeitura da cidade e da empresa Zaffari & Bourbon, um prêmio de R$ 100 mil para o melhor romance (na edição de 1999, o prêmio foi para o escritor Sinval Medina, com o romance Tratado da Altura das Estrelas). Entre as 11 obras escolhidas que participam da disputa deste ano, estão O Pintor de Retratos, Luiz Antônio Assis Brasil, O Sétimo Juramento, da moçambicana Paulina Chiziane, e Desordem, de Márcio Souza. A fórmula das Jornadas Literárias baseia-se num princípio: para participar do encontro com um autor, é preciso estar preparado para discutir suas obras. Na verdade, o encontro começa alguns meses antes, quando os inscritos formam grupos de leitura dos livros sugeridos pela organização. Quando o participante chega ao encontro, está, portanto, para lá de preparado para as conversas. "O evento funciona porque o objetivo é nobre, porque sou fanática e porque encontrei gente do mesmo tipo, que não se importa com o cansaço e com o desgaste", explica Tânia, que conta com uma comissão executiva de mais 11 pessoas. Supera os 300 mil metros quadrados a área ocupada pelo evento, provando que não é só show de rock que exibe grandes números: o orçamento da jornada supera R$ 1,1 milhão. Informações sobre o evento podem ser encontradas no site www.jornadadeliteratura.tche.upf.br. Segundo o escritor Roberto Drummond, autor de Hilda Furacão e de O Cheiro de Deus, nas viagens que fez pelo Brasil e pelo mundo, nunca viu nada como em Passo Fundo. "Quem acredita em uma platéia de 3.500 pessoas ouvindo escritores durante três horas à tarde e três horas à noite?", disse, numa das edições do evento.

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