17 de janeiro de 2011 | 00h00
Criativo do jeito que é, o autor Silvio de Abreu bem que poderia ter criado uma situação mirabolante para culpar o menos suspeito dos personagens - a dona Brígida (Cleyde Yáconis), por exemplo. Mas preferiu o caminho da coerência e da lógica - que não pode ser abandonada no bom romance policial - e fez da vilã Clara (Mariana Ximenes) a culpada pelos assassinatos de Eugênio (Mauro Mendonça) e Saulo (Werner Schunemann).
Mas o melhor é que, ainda que a solução fosse lógica, a maneira como a trama foi conduzida passou longe do óbvio. Clara envenenou Eugênio a mando de Saulo - e a relação entre os dois, que começou quando ela era criança, foi surpresa. A cena da morte dele, propriamente dita, foi ótima. E fazer Fred pagar, definitivamente, pelo crime cometido por Clara foi bem interessante, bem como não deixar que os personagens da trama nunca soubessem, afinal, o que motivou as mortes.
Clara só ganhou profundidade nos últimos capítulos. Tão jovem, Mariana brilhou num elenco que tinha Fernanda Montenegro, Cleyde Yáconis e Irene Ravache. Fred, que perambulou meio perdido em alguns momentos, terminou bem. E devo contrariar os que são muito duros e dizer que Reynaldo Gianecchini foi muito bem - arrasou na cena em que recebeu Bete na prisão.
O trabalho da equipe técnica, que deu uma plasticidade sem precedentes à novela, também merece crédito. Passione manteve uma iluminação de extremo capricho durante seus oito meses, que não ficou restrita às imagens da Toscana. Começou e terminou lindamente, divertiu, emocionou, elevou ânimos e, de quebra, recuperou a audiência do horário. O que não é pouca coisa.
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