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Passagem para a boa arte cênica

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Por Redação
Atualização:

Espetáculos de trajetória já consolidada por boa recepção participaram da 19.ª edição do Festival de Curitiba, que termina amanhã, oferecendo ao espectador o prazer de apreciar criações felizes. Entre eles, pode-se destacar a produção carioca In on It, com os atores Fernando Eiras e Emilio de Mello; Memória da Cana, do grupo paulistano Os Fofos, dirigido por Newton Moreno, e Escuro, montagem assinada por Leonardo Moreira. O mesmo deve valer para A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano Suassuna, dirigida por João das Neves, que estreia hoje na reta final da mostra.Entre as peças que iniciaram carreira no festival estão Vida, da curitibana Cia. Brasileira de Teatro. Não por acaso. O processo de criação durou dois anos durante os quais Giovana Soar, Marcio Abreu e Nadja Naira se debruçaram sobra a obra do poeta Paulo Leminski. "Ele é um mito, mas pouco lido." Nesse afã de compreender o universo do poeta, e compartilhar com o público sua obra, realizaram intervenções e saraus em sua sede.Uma dessas criações de percurso, o solo Descartes com Lentes, da atriz Nadja Naira, baseado num conto curto (pode ser lido na internet) do poeta curitibano, espécie de base para a escrita de seu romance maior, Catatau, acabou sendo um dos melhores trabalhos vistos no Fringe.O flagrante do filósofo Descartes perdido nos trópicos sem conseguir "pensar" o Brasil a partir da razão cartesiana é transposto pela atriz ao palco com cristalina compreensão e inteligente apropriação do que diz. No seu corpo, o texto ganha expressão com recursos tão simples quanto significativos, como o terno que vai despindo até mostrar signos inscritos na corpo - a exemplo dos índios, enigma para o filósofo. O solo foi apresentado em fevereiro deste ano na Universidade de Paris III.

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