
07 de dezembro de 2010 | 00h00
Fã declarado de Buzzati desde os 18 anos, quando leu um conto sobre um garoto de 12 anos que, depois de morrer, necessita enfrentar uma odisseia no mundo do além e compreender o segredo da vida para só então voltar à Terra, Fellini o convidou, em 1965, a colaborar no roteiro do filme Il Viaggio di G. Mastorna, que não chegou a ser rodado. Trata-se da história de um violoncelista após sua morte, um tema semelhante ao do Poema em Quadrinhos - em uma cidade que une características de várias outras do planeta, Giuseppe Mastorna reencontra as mulheres que não amou.
Com um roteiro definido por Tonino Guerra como "a história de uma melancolia oblíqua, como a perda de um perfume", Il Viaggio di G. Mastorna deixou apenas uma única cena rodada: o desembarque de Mastorna em meio a uma forte nevasca, diante de uma enorme catedral gótica.
Em 1992, Fellini cedeu o roteiro ao desenhista Milo Manara que o transformou em uma HQ com idêntico título. "Como a carcaça de um navio afundado, Mastorna alimentou todos os meus filmes seguintes", lamentou Fellini.
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