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'Paranóia' é estrelado por 'afilhado' de Spielberg

Shia LaBeouf, de 21 anos, atua também no próximo 'Indiana Jones' e fala da vida após apadrinhamento

Por Marcio Damasceno
Atualização:

Nos últimos tempos, ele vem se sentindo como que no filme errado. Shia LaBeouf, de 21 anos, com nome que parece saído de  um cardápio francês com erro de digitação, é a nova revelação de Hollywood e parece ainda estar se beliscando para acordar do sonho. Depois de protagonizar Paranóia e o blockbuster Transformers, dois sucessos de bilheteria nos cinemas americanos, e após estampar a capa da Vanity Fair de agosto, ele está rodando o quarto filme da série Indiana Jones, com Harrison Ford. Veja também: Trailer de Paranóia   O sucesso repentino ainda pesa nos ombros do garoto criado em Echo Park, bairro operário de imigrantes latinos de Los Angeles. "É muito estranho, quando Harrison se torna para você apenas ‘o Harrison’. É a coisa mais louca do mundo. Não devia estar nisso", diz LaBeouf em entrevista ao Estado. "Não fui criado em condomínios chiques nem treinado para lidar com a mídia. Então, para mim, é absurdo quando certas coisas começam a ficar banais. Quando você chega e diz ‘Oi, Harrison!’ num dia normal da sua vida."   Uma das pessoas mais influentes do cinema foi quem deu o empurrão decisivo. "Devo tudo a Steven (Spielberg). Ele está mudando a minha vida, como que dirigindo meus passos." Spielberg viu nele o jovem Tom Hanks e passou a apadrinhá-lo, não só chamando o rapaz para atuar sob sua direção, como no caso de Indiana Jones, mas também indicando-o para os papéis em Paranóia e Transformers, filmes em que atuou na produção. LaBeouf também já está agendado para o próximo filme de D.J. Caruso (diretor de Paranóia), baseado em argumento de Spielberg, e deverá participar ainda da seqüência de Transformers.   O convívio com o criador de E.T. ainda parece ter toques mágicos para o ator. "Steven é incrível, mas você vê também que ele é um cara muito normal. A coisa mais maluca foi ouvi-lo dizer um palavrão. Quando ouvi o Steven falando palavrão, pensei, ‘oh, meu Deus, esse homem está vivo, ele é real!’", conta, rindo.   LaBoeuf começou criança ainda. Participava de esquetes de humor com o pai, veterano do Vietnã que ganhava a vida fazendo mímica e como palhaço em rodeios e bares da vizinhança. Aliás, a arte está no sangue dele. A mãe era bailarina que depois se tornou designer de jóias. O avô materno era um respeitado comediante judeu de Nova York e a avó paterna, poeta, integrante do movimento beatnik. "Minha família toda é de artistas, que não conseguiram chegar ao sucesso, como minha avó, que andava com Allen Ginsberg, poeta beatnik dos anos 50. Ela era incrível, mas nunca ganhou notoriedade. Meu pai estudava Commedia dell’Arte, que traz o palhaço em um nível diferente."   O início da carreira na TV veio de uma bravata. Aos 10 anos, pegou nas páginas amarelas o telefone de uma agência de atores e tentou se passar por um poderoso empresário inglês, "que estava trazendo a maior novidade da Inglaterra, um ator que era a sensação do momento e tal", lembra, engrossando a voz. "Eles sabiam que era uma criança do outro lado, mas nunca tinham visto um menino se vender assim. Normalmente, quem ligava eram os pais querendo vender seus filhos. Fui ao escritório da agência e me deram um comercial do Burger King para o teste, mas não consegui decorar uma linha." LaBoeuf então pediu para contar uma piada. Em vez do texto pedido, passou a desfiar as piadas sujas sobre sexo que apresentava com o pai. Acabou ganhando primeiro contrato para um comercial.     Depois de atuar em séries de TV da Disney, conseguiu um papel de destaque em 2003 no filme O Mistério dos Escavadores. Foi nele que LaBeouf chamou a atenção de Spielberg. Só o pai ainda custa a se impressionar com a fama do filho. "Meu pai nunca ligou muito para filmes. Conto que estou neste ou naquele filme e ele responde ‘muito bem, filho, legal’." A coisa só mudou quando Harrison Ford tornou-se "o Harrison". "Cheguei em casa, contei e aí, sim, meu pai se derreteu. Ele era fã do Steve McQueen, e o Harrison é o Steve McQueen dos nossos dias."   Paranóia (Disturbia, EUA/ 2007, 105 min.) - Suspense. Direção D.J. Caruso. 14 anos. Cotação: Regular

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