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Para ver São Paulo a partir da cozinha

Carla Pernambuco traça um mapeamento cultural na 3ª temporada do 'Brasil no Prato': estreia hoje, no Bem Simples

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Que diferença pode haver entre o autêntico bolinho de bacalhau, lá de Portugal, e o exemplar que atrai um sem número de pedestres à beira da calçada, em São Paulo? Ilda Vinagre, chef que o restaurante Bela Sintra importou de Portugal há poucos anos, vai contar. Quem a convida para a prova dos nove é Carla Pernambuco, não no papel da chef e proprietária do Carlota, mas de apresentadora de TV. Com um pé no estúdio e outro na rua, Carla estreia hoje a terceira temporada do seu Brasil no Prato, no canal Bem Simples. São 26 episódios, com exibição dupla toda terça, às 22h15.O fio condutor é a comida, mas o programa traça um mapeamento cultural por São Paulo, visto por amigos e conhecidos da apresentadora, gente capaz de decifrar um modo de vida por trás de cada paladar e, em geral, gente que mistura outros sotaques em seu histórico, sob o contexto da Pauliceia. Tem a comida coreana, a italiana, a peruana, a mexicana, a árabe, a judia, a portuguesa, a francesa, a nordestina, a mineira, a comida de rua, a comida no contexto do futebol e todas as comidinhas que se misturam à mesa. "A gente tentou mostrar pessoas e culturas diferentes, este é o mote principal. É um programa de comunicação que fala de culinária, de cultura, homenageando São Paulo."O Estado acompanhou a conversa de Carla com Ilda, em tom tão informal que quem passava diante daquelas câmeras montadas na calçada da Avenida Professor Alfonso Bovero, no Sumaré, mal percebia o set improvisado. E constatou o veredicto da chef portuguesa sobre a presença extra da batata num bolinho de bacalhau à brasileira, em relação ao luso. Natural, admite Ilda. Faz parte da popularização do quitute. Estamos num bar de calçada, ora, pois, e aqui pra nós, batata é coisa muito mais em conta que bacalhau.O episódio de estreia, no entanto, nos leva às Minas Gerais, com Célia e Celma a cantar receitas mineirinhas. A apresentadora não se acanha. Dança e canta com as duas, e há de mostrar seus dotes artísticos em outros episódios. Ainda hoje, o público verá o programa sobre nhoque, com três versões para o prato.Na tradicional Festa da Achiropita, Carla aprendeu receitas com as mamas italianas, encantou-se com as toneladas de fogaça e com a fé que move tantas panelas. "Você pensa que está num filme do Coppola, que entrou numa igreja de máfia italiana. A Achiropita é uma festa calabresa, e só tem uma igreja lá e outra aqui."Na 25 de março, entregou-se ao cardápio árabe popular, tradição desde os anos 70, sempre lotado. "Isso é que foi legal: a gente levou pra dentro do estúdio pessoas que são mais ou menos conhecidas, mas não necessariamente famosas." Como cada episódio é composto por uma parte em estúdio e outra na rua, Leila Youssef Kuczynski, do restaurante Arábia, faz as boas-vindas no estúdio.Da cozinha judaica, tem Cecília Judkowitch. Da nordestina, Rodrigo Oliveira. E da cozinha francesa, com soberania de mestre, ninguém menos que Laurent Suaudeau, cuja escola Carla apresenta com o orgulho de aluna. "Vou entregar o meu mestre ao público."A produção bem que se surpreendeu como ela consegue dos amigos visitados algumas das receitas mais preciosas de seus estabelecimentos, incluindo aí a coxinha do Veloso, diretamente denunciada pelo barman Souza.Diferentemente da temporada passada, quando gravou quase tudo em estúdio, com direito apenas a seis gravações externas, Carla terá externas em todas as edições, nesta terceira temporada. E a fatia realizada em estúdio já não foi feita na casa que ela mantém como estúdio próprio de culinária do outro lado da rua do Carlota. Dessa vez, a Casablanca, produtora do programa, montou o cenário em estúdio profissional, com acústica alheia aos latidos de cachorro da vizinhança e aos ruídos das aeronaves que cruzam o céu de São Paulo. "Foi tudo mais profissional e funcionou muito bem".

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