
25 de maio de 2010 | 00h00
São duas salas com suas obras. Na primeira, do lado direito, há três pinturas. Do lado esquerdo, uma instalação com caixas de som com bocas, olhos e ouvidos pintados e na frente instrumentos que podem ser tocados por qualquer visitante - guitarra, baixo, bateria e teclado.
Na outra sala, dois painéis ocupam toda a parede, com 6 metros de altura por 16 comprimento. De um lado, portas velhas pintadas cada uma com tema diferente. "As portas estão relacionadas com o passar para outro patamar", explica Gustavo. Na parede do outro lado, há o que os dois chamam de chão: uma base com tábuas e portas com pinturas diversas. Presas na parede, a uns 4 m de altura, estão duas pequenas casas deitadas.
No fundo da segunda sala, uma pequena casa, com um quarto que tem cama com travesseiro. As paredes e o teto são espelhados. Um ambiente convida a sentar ou a até deitar na cama.
Segundo o curador da exposição, o francês Eric Corne, as pinturas fazem uma mistura de estilos brasileiros. "São obras que sintetizam muitas experiências: a cultura hip-hop, a arte primitivista do País e algumas das pinturas lembram Guignard, Volpi e Portinari."
Sobre a forma como osgêmeos se apropriam dos estilos de outros artistas, ele cita o Movimento Antropofágico, criado pelos modernistas brasileiros. Segundo Corne, apesar de terem vindo da arte de rua, eles não estabelecem fronteiras no tipo de trabalho, passando a outras linguagens. "Eles tem uma dimensão de sonho, com poesia e preocupação social", informa.
Vindo do grafite, os dois irmãos se irritam quando alguém fala que estão trazendo essa forma de arte para os museus. "Não tem nada a ver. O que está na rua é da rua. A gente não concebe as obras da mesma forma. O grafite tem que manter o clima de rua, o anonimato", diz Corne. É a segunda vez que eles estão em Portugal. Em 1997, na primeira viagem, deixaram uma pintura no muro de uma escola em Carcavelos, a 15 quilômetros de Lisboa.
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