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Para Marta, críticas a uso da Lei Rouanet por estilista são 'briga por espaço'

Ministra diz que decisão é estratégia de internacionalização da cultura nacional

Por Wilson Tosta - Rio
Atualização:

Com pedidos de “grandeza” e apelos para que se pense “a cultura como um todo”, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, rebateu na quarta (28) as críticas – que chamou de “briga por espaço” – feitas por entidades da área teatral por ter autorizado o uso da Lei Rouanet para apoiar desfiles de moda no exterior.

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Na solenidade de posse do novo presidente da Funarte, Guti Fraga, ela defendeu a decisão como parte de uma estratégia maior de Estado brasileiro, de internacionalização da cultura nacional com supostos reflexos na economia e até na política internacional. A iniciativa teria entre seus objetivos o aumento, no exterior, do “soft power” do País. O “poder suave” é um conceito do pensador norte-americano Joseph Nye Jr. e seria constituído pela força da cultura de um país.

“O que estamos vendo? É o Brasil chegando, outra imagem, outros atores. Como na moda, que vamos batalhar para chegar”, disse ela, em discurso, na informal cerimônia na Sala Funarte Sidney Miller. “Então, quando você está colocando o Lenine lá fora, ou quando leva uma grande artista para Portugal ou quando faz um gesto para um costureiro, um estilista, poder se apresentar na Semana da Moda de Paris ou no Metropolitan ou em um festival de moda em Nova York, não é para a pessoa. Poderia até dizer que a gente usa a pessoa. Não fui eu que fiz, todos os anos, o trabalho que esse rapaz (Pedro Lourenço) fez ou que o (Alexandre) Herchcovitch fez ou que o (Ronaldo) Fraga fez. Eles trabalharam para chegar lá. E agora o MinC compartilha desse sucesso, podendo internacionalizar isso para o nosso Brasil.”

Os três estilistas foram autorizados pelo MinC a tentar captar mais de R$ 7 milhões via Lei Rouanet. A Associação de Produtores Teatrais Independentes (ATPI) e a Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTRJ) querem se reunir com a ministra. Temem concorrência desleal em relação a espetáculos teatrais. Marta, porém, descartou que o setor vá perder algo. Lembrou que, em 2012, o teatro liderou nos incentivos, com 28% do total. O que foi concedido à moda não chegará a 1%. “É uma coisa... Briga por espaço. Temos de pensar grande, ter visão, ter grandeza, pensar na cultura como um todo”, declarou, entusiasmada com um convite da indústria têxtil para conhecer a Rouanet.

Marta afirmou que a decisão poderá ter reflexos na cadeia produtiva de confecções no Brasil. “Por que o Louvre fez exposição de todos os grandes costureiros franceses? ”, perguntou. Ela defendeu sua decisão de aprovar a liberação do uso da Lei Rouanet por Lourenço, depois que a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura a rejeitou, por sete votos contra e sete abstenções. “Acredito que seja política de Estado e, se é prerrogativa da ministra aprová-la, vou fazer. E aí fiz.”, contou. Os projetos de Fraga e Herchcovitch foram aprovados em regime de urgência por Marta.

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