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Para Lula, Saramago foi 'militante da liberdade'

Presidente e outras personalidades do Brasil lamentaram a morte do escritor.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

Em uma nota de pesar divulgada nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descreveu o escritor português José Saramago, morto pela manhã, como um "militante das causas sociais e da liberdade". Ainda segundo o presidente, Saramago contribuiu "de maneira decisiva para valorizar a língua portuguesa". "De origem humilde, tornou-se autodidata e se projetou como um dos maiores nomes da literatura mundial. Nós, da comunidade lusófona, temos muito orgulho do que o seu talento fez pelo engrandecimento do nosso idioma." "Intelectual respeitado em todo o mundo, Saramago nunca esqueceu suas origens, tornando-se militante das causas sociais e da liberdade por toda a vida. Neste momento de dor, quero me solidarizar, em nome dos brasileiros, com toda a nação portuguesa pela perda de seu filho ilustre", acrescentou o presidente. Leia abaixo as reações de outras personalidades no Brasil à notícia da morte de José Saramago: Marcos Villaça, advogado e presidente da Academia Brasileira de Letras A Academia estava aguardando a informação de quando José Saramago viria ao Rio para providenciar a organização da sua posse na Cadeira 16 de sócio correspondente. A notícia nos deixou em estado de enorme tristeza. A próxima sessão acadêmica, quinta-feira que vem, na ABL, será dedicada à memória do grande escritor português, por quem sempre tivemos o maior respeito e admiração." Nélida Piñon, escritora e integrante da Academia Brasileira de Letras "Estou em Lisboa, onde recebo a notícia de que Saramago nos deixou. Sofro um sobressalto, uma profunda tristeza. Perdemos um mestre da língua e da narrativa. Quem rastreou a história humana com fervor literário, talento, poderosa imaginação. Quem honrou a língua e nos inspirou admiração e orgulho. Amanhã irei ao seu velório para prestar-lhe todas as homenagens do mundo, que ele merece." Juca Ferreira, sociólogo e Ministro da Cultura "A morte de Saramago significa a perda de um grande escritor, de uma pessoa que ultrapassa a fronteira de Portugal e ultrapassa inclusive a fronteira dos países de língua portuguesa. Saramago é importante para a literatura mundial, uma pessoa extremamente crítica às características da vida nesse início de século 21, cáustico, e que deixou uma literatura reconhecida no mundo inteiro. É uma pessoa enorme. Sempre quando uma pessoa morre há uma atenção maior sobre o valor da sua obra. Eu acho que o Brasil vai perceber que estava dando uma atenção menor do que o significado da obra dele." Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores "O Ministro Amorim lamenta a perda de um homem que, com sua obra, deixou uma extraordinária contribuição para a literatura mundial e para a valorização da língua portuguesa, além de representar, por sua conduta pessoal, um exemplo de atuação engajada em favor de um mundo mais justo." Cícero Sandroni, jornalista e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras "Não há como escapar do clichê. Foi uma grande perda para a literatura escrita portuguesa. Embora tenha começado tarde, na comparação com outros escritores, desde seus primeiros livros ele fez um trabalho de destaque, na linguagem e no estilo. Depois de Saramago, a literatura portuguesa ganhou uma projeção internacional. Ele foi fundador de um novo estilo, de uma nova visão de mundo, e certamente suas obras vão perdurar por séculos e séculos. O que podemos fazer agora é lastimar sua morte." Leyla Perrone-Moisés, crítica literária e professora da Universidade de São Paulo "Qualquer que seja a posição dos leitores com respeito às opiniões políticas do homem Saramago, ninguém pode acusá-lo de ter feito literatura partidária ou militante. O romancista defendeu suas ideias não com pregação política ou lições de moral, mas por meio da melhor literatura de ficção, aquela que, nos prendendo com histórias envolventes e nos embalando numa linguagem musical, nos faz refletir sobre a história passada e a sociedade atual. Apesar da firmeza de suas ideias, em seus romances Saramago sempre tratou a história e a realidade com mão leve, num registro imaginário ou mesmo fantástico que, ao levantar o leitor do chão, a este o devolvia mais lúcido e mais fraterno." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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