Panorama da Arte chega reformulado à sua 27ª edição

Contando agora com três curadores, evento organizado desde 1969 no MAM de São Paulo marca em 2001 o ressurgimento dos grupos artísticos independentes

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pensar e repensar o sistema - ou circuito - da arte produzida no País é o principal ideal da 27.ª edição do Panorama da Arte Brasileira, um dos mais importantes eventos da agenda das artes visuais que ocorre desde 1969 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A mostra conta pela primeira vez com três curadores - Ricardo Resende, Paulo Reis e Ricardo Basbaum -, que selecionaram 29 artistas, 7 grupos e 3 organizações independentes atuantes em capitais do território nacional, para "desnaturalizar" (palavra utilizada por Ricardo Basbaum) uma visão já desgastada do que é um circuito. A abertura será amanhã, às 19 horas, e a exposição ficará em cartaz até o dia 20 de janeiro. O Panorama deste ano conta com algumas novidades. A primeira, como já foi dito, é que a exposição foi pensada por três curadores convidados pelo diretor técnico do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Ivo Mesquita. Cada um trouxe um olhar diferente de acordo com a realidade e locais de onde vêm: Ricardo Resende, do próprio MAM de São Paulo, aponta a realidade intra-institucional; o artista plástico carioca Ricardo Basbaum, a visão do produtor e agente criador; e Paulo Reis, de Curitiba, trouxe sua percepção de crítico e professor universitário. Os selecionados (entre consagrados, jovens e desconhecidos) são: Arthur Barrio, Cao Guimarães, Carine Weidle, Carla Zaccagnini, Ducha, Eduardo Aquino e Karen Shanski, Fernanda Magalhães, Gilberto Mariotti, Iran do Espírito Santo, Janaina Tschäpe, Jarbas Lopes, Laura Lima, Lia Menna Barreto, Lina Kim, Lucia Koch, Márcia X, Marcos Chaves, Marepe, Mario Ramiro, Marta Neves, Mônica Nador, Paulo Bruscky, Raquel Garbelotti, Raul Mourão, Rivane Neuenschwander, Rosana Paulino, Rubens Mano, Tatiana Grinberg e Valdirlei Dias Nunes; os grupos Atrocidades Maravilhosas, Camelo, Clube da Lata, Mico, Chelpa Ferro, Apic e Linha Imaginária; e as organizações Agora/Capacete, Alpendre e Torreão. Pode-se dizer que a participação e ressurgimento desses grupos e instituições independentes é uma novidade que ressalta ainda mais a proposta dessa mostra. "De alguma maneira é uma reatualização do ideal de grupos, já que muitos surgiram na década de 70. Eles têm propostas não-institucionais, estão pensando a autoria, pois alguns trabalhos são coletivos, enfim, a reflexão deles é mais prática. As três organizações são, também, uma presença nova porque são instituições que se propõem a pensar a arte de uma maneira diferente. Elas têm cursos, encontros de artistas e uma fomentação muito grande entre os jovens artistas", diz Paulo Reis. Os trabalhos das organizações independentes para o Panorama da Arte Brasileira estarão reunidos em um livro que será lançado na abertura da exposição. A obra será como um complemento a essa 27.ª edição, também uma novidade em relação ao evento. "É um desdobramento do Panorama, é quase uma obra que as pessoas estarão levando", conta Reis. Além desses trabalhos das organizações, alguns dos 29 artistas foram convidados a fazer "intervenções especiais" para esse livro. A participação de Arthur Barrio será uma entrevista com ele sobre seu trabalho intitulado Quatro Dias, Quatro Noites, de 1970, que os curadores acham muito importante para refletir sobre a proposta do Panorama. "Esse é um trabalho pouco falado e nós o consideramos muito paradigmático", afirma Reis. Outro artista que participa do livro é Paulo Bruscky, entre outros e de grupos que fizeram inserções na publicação, mas também têm obras no espaço expositivo do MAM. A organização do livro é de Ana Paula Cohen. A temática desse Panorama é diversa, assim como seus suportes. Além da reflexão sobre o circuito de arte, há obras que têm como tema a percepção e a representação (como as de Lina Kim, Iran do Espírito Santo e Lucia Koch), trabalhos políticos e engajados e as performances de Márcia X, Jarbas Lopes e Laura Lima, que serão apresentadas na abertura e depois seguem uma programação. O Panorama conta ainda com uma mostra paralela de vídeos de sete artistas e dois grupos. As exibições ocorrerão de domingo até o dia 13, na sala Lina Bo Bardi do MAM e na PUC-SP. Panorama da Arte Brasileira 2001. De terça, quarta e sexta, das 12 às 18 horas; quinta, das 12 às 22 horas; sábado, domingo e feriado, das 10 às 18 horas. R$ 5,00. MAM. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, tel. 5549-9688. Até 20/1. Abertura amanhã (25), às 19 horas.

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