
29 de setembro de 2011 | 03h02
Os textos das palestras anteriores de Almeida sobre Mahler estão disponíveis no site da Osesp, mas é interessante curtir a série de programas que ele realizou na Rádio Cultura FM, disponíveis em podcast no site da rádio. O texto escrito, afinal, sempre exige mais do leitor do que a fala ao vivo. Por isso, vale a pena ouvir os seus programas na Cultura FM assim como os registros gravados em áudio de suas palestras anteriores no site da Osesp.
No ensaio já publicado sobre a Oitava Sinfonia, Almeida afirma que a obra "deslumbra e constrange", porque "permanecemos todos sentados, ouvindo a prece com suspeita e com os pés bem firmes no chão", ao ouvirmos quando "o órgão sustenta o primeiro acorde e o enorme coro invoca o espírito criador, uma espiral de vozes, arcos, sopros e golpes parece alcançar os céus, exaltando a salvação prometida nos textos".
Saudavelmente, Almeida nos propõe uma dupla ferramenta para nos aproximarmos dessa obra-prima que qualifica de "apoteose paradoxal", a única sinfonia coral do começo ao fim, como Mahler fazia questão de salientar: 1) "nossa época", diz Almeida, "desconfia de tudo isso e o apelo a uma 'redenção pelo amor' soa descabido como os exageros do romantismo tardio"; 2) mas também se deslumbra com sua grandiosidade e por isso Almeida, ao mesmo tempo, aconselha: "Devemos nos perguntar para que atentar aos detalhes, se o todo nos arrebata e confunde?".
Uma grandeza cósmica construída sobre duas imensas partes corais-sinfônicas cantadas em duas línguas - latim e alemão - e com versos retirados de obras a mil anos de distância. A Oitava Sinfonia é o ponto de chegada que Mahler estabeleceu desde a Sinfonia n.º 1, pois nela "planetas e sóis giram uns sobre os outros".
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