
18 de janeiro de 2012 | 10h28
Nesse contexto, a estreia de "Palácio do Fim", que abre temporada paulistana na sexta-feira, não surge como voz dissonante. Vem engrossar o coro de uma série de manifestações. O que não lhe tira, cabe ressaltar, seu quinhão de singularidade.
Dirigida por José Wilker, a peça examina os horrores da Guerra do Iraque. Para construir o texto, a dramaturga canadense Judith Thompson valeu-se de reportagens e casos amplamente divulgados pela imprensa.
Não faz ficção, no sentido estrito do termo. Mas está longe de incorrer no documentário. "O que me encantou não foi propriamente o fato de se denunciar uma guerra injusta", aponta Wilker, que assistiu a uma montagem do texto em Nova York, em 2008. "Mas o modo como a autora contava aquela história. Como ela conseguia arrancar poesia, uma brutal ternura daquele assunto."
Três personagens são convocados à cena. Defendem pontos de vista absolutamente distintos sobre o conflito. A atriz Camila Morgado abre a encenação. Toma o papel de Lynndie England, a soldado norte-americana que chocou a opinião pública ao posar para fotos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
Antônio Petrin também interpreta um personagem que o público conhece dos noticiários. Até hoje, controvérsias cercam a morte do cientista britânico David Kelly. Foi mesmo suicídio? Ou o assassinato de quem sabia demais? Ex-inspetor de armas da ONU, Kelly revelou ao mundo a grande farsa que serviu de subsídio à invasão do Iraque.
Fecha o painel a saga de Nehrjas Al Saffarh. A partir do relato de um amigo, a dramaturga delineou o percurso da ativista do Partido Comunista, vivida por Vera Holtz, que foi torturada pela polícia secreta de Saddam Hussein. Por sua interpretação, Vera foi indicada para o Prêmio Shell de melhor atriz no Rio de Janeiro. O espetáculo, aliás, lidera as indicações na premiação. Concorre também nas categorias direção, figurino e iluminação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Palácio do Fim - Sesc Consolação - Teatro Anchieta (Rua Dr. Vila Nova, 245). Tel. (011) 3234-3000. 6ª e sáb., às 21 h; dom., às 18 h. R$ 8 a R$ 32. Até 11/3.
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