
08 de março de 2013 | 02h14
O artista foi convidado em 2010 a criar uma obra especial (site specific) para o local, que seria inaugurado no fim do mesmo ano. Os adiamentos, na verdade, somente influíram, ele diz, para que aperfeiçoasse seu trabalho. Sala de Espera é uma instalação potente, misteriosa até, "como se algo estivesse na iminência de acontecer ou como se algo tivesse acontecido; como se essa condição não fosse permanente", considera Carvalhosa.
É uma obra que permite ao espectador várias visadas - e diferentes sentidos através delas. "Esse é um trabalho que não tem frente, você está sempre dentro dele. Ele não tem uma mirada, mas várias vozes, conjuntos, várias naturezas e espaços vazios", descreve o artista, que concebeu Sala de Espera antes de ter feito mostras de destaque no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York e na Pinacoteca do Estado.
"Pensei que o Anexo tem uma relação muito forte com a paisagem, por suas colunas. O prédio está nos protegendo de uma cidade ao invés de uma chuva, criando sua própria paisagem aqui dentro, o que é uma espécie de inversão", diz Carvalhosa. Os postes de luz, usados, são remotas árvores. É um elemento que adquiriu uma função e depois foi descartado. "Quis fazer uma coisa horizontal porque a ordem dos postes e das árvores é vertical. É uma outra natureza, de encontro a outra. A ideia do trabalho não é a de equilíbrio, mas de invasão, de ocupação de um sistema por um outro, de duas estruturas que estão em choque." É, assim, uma paisagem construída, na qual transitamos.
A proposta do museu é colocar o Anexo do MAC como espaço para sites specifics de artistas. "O edifício principal (do museu) tem um pé-direito mais baixo, limitações que impendem atitudes experimentais", afirma Tadeu Chiarelli. / C.M.
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