Paço das Artes põe novos artistas em foco

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de desmontar a enlouquecida exposição de Arthur Barrio - que cobriu o chão de café e provocou o público com frases de protesto escritas nas paredes e cabeças de bacalhau à mostra numa caixa d´água - o Paço das Artes dá a partida na Temporada de Projetos do novo milênio com os artistas paulistanos Nelson Screnci e Gilberto Mariotti. Screnci - que também dá aulas de história da arte para professores da rede pública - se assume como "artista militante" e define seu trabalho como "arte social". Ele expõe duas obras (acrílico sobre tela) no Paço: Eldorado e As Mil e Uma Imagens. Um painel de 4 m x 1,20 m, Eldorado é uma visão da periferia paulistana - que o artista observa à distância, como se constatasse desolado as milhares de casinhas que nunca param de se reproduzir. "Quero falar para o homem comum, atingir o público da periferia", diz o artista engajado. "A arte contemporânea está num beco. O público já se cansou de ver releituras de Duchamp e Beuys", critica ele. "Eu faço uma releitura da cor brasileira. Assumo influências de Volpi e de Lívio Abramo, recrio um clássico de Almeida Júnior." Screnci acredita que há preconceito contra releituras de artistas brasileiros. "Por que só podemos reler americanos e europeus?" O também paulistano Gilberto Mariotti, o outro artista selecionado para abrir a Temporada de Projetos , expõe três obras que exprimem ângulos diferentes da mesma questão - a disputa entre realidade e representação, tema recorrente n a história da arte. São obras irônicas. Em Lareira, o artista pinta em preto e branco a imagem clássica de madeiras pegando fog. Joga um balde de água fria no espectador - "aquele que espera", lembra ele - que procura o aconchego e o calor que a cena promete. Temporada de Projetos - Nelson Screnci e Gilberto Mariotti - Paço das Artes (Av. da Universidade, 1, tel.: 3814-4832). Até 18/3. Entrada franca.

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