Pablo Trapero mostra novo filme 'Carancho' no Rio

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Por AE
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Pablo Trapero, considerado um dos maiores diretores argentinos da nova geração, está de volta ao Festival do Rio, onde apresentou, anos atrás, "Do Outro Lado da Lei" (El Bonaerense). Ele mostrou o filme "Carancho", ontem à noite, e logo em seguida rumou para o aeroporto. Quer estar hoje em casa porque é um dia especial - faz 39 anos. "Carancho" foi indicado pela Argentina para concorrer a uma das vagas no Oscar de melhor produção em língua estrangeira. A argentina ganhou, este ano, o Oscar da categoria com "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella. Trapero está contente com a indicação para concorrer ao Oscar, mas faz a ressalva de que o prêmio virou uma disputa esportiva, uma competição, acima de tudo. "Ganhar o Oscar é como fazer gol numa partida decisiva", compara. Mas, admite, já que está em campo para concorrer, perdão, disputar, também gostaria de fazer gol.Justamente na semana passada, no foco que o Festival do Rio lança sobre o cinema da Argentina, dirigentes das agências de cinema dos dois países, a Ancine e o Incaa, assinaram um acordo, criando um fundo comum. Por enquanto, não é muito dinheiro, mas, além de beneficiar quatro projetos, o acordo tem outro aspecto muito importante, segundo Trapero. "Vai promover a integração. É muito importante estimular que filmes brasileiros sejam exibidos na Argentina. Vemos pouquíssimo da produção de vocês, sei que, no outro sentido, a movimentação é maior. Há mais filmes argentinos no Brasil do que brasileiros na Argentina."Como produtor dos próprios filmes - e dos de outros jovens diretores -, ele se alegra com o sucesso de "Carancho". Diz que não tem do que se queixar, porque, nos últimos anos, ao terminar um projeto já está envolvido no seguinte. Foi assim com "Leonera". Quando lançou o filme, já trabalhava em "Carancho". Agora mesmo, trabalha no próximo filme."Carancho" trata da indústria que se desenvolveu na Argentina por causa das mortes acidentais no trânsito. O filme é interpretado por Ricardo Darín e Martina Gusman (de "Leonera"). E nasceu para ser um noir - ''O meu noir'', define o diretor. "Alguns críticos me acusaram de ser muito sombrio. A Argentina não é tão sombria, dizem." Embora consciente de que nenhum filme consegue dar conta, sozinho, da complexidade de um país, Trapero afirma que tentou, desta vez, discutir a ética pessoal. "As pessoas e os meios discutem a ética dos governantes, mas transigem muito no plano pessoal." Talvez venha daí o incômodo que "Carancho" consegue provocar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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