19 de abril de 2013 | 02h11
Ninguém pode se queixar de que o cinema brasileiro não fornece subsídios para reflexão sobre o golpe de 1964 e suas consequências históricas. Para os interessados, há desde clássicos como Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, até novidades recém-chegadas como O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo e Flávio Tavares.
Cabra Marcado para Morrer, filmado em parte durante 1964, foi interrompido pelo golpe, sendo retomado apenas 20 anos depois, já na véspera da redemocratização. Outro que entrou para o repertório básico sobre 1964 é Jango, de Silvio Tendler, enorme sucesso de público sobre o presidente deposto pelos militares.
Personagens da luta armada contra a ditadura, como Lamarca e Marighella, foram retratados por Sérgio Rezende e Isa Grispum Ferraz. Há pouco, no festival de documentários É Tudo Verdade, foi exibido o excelente Em Busca de Iara, de Flávio Frederico e Mariana Pamplona, desmontando a tese do suicídio da guerrilheira Iara Iavelberg, mulher de Carlos Lamarca, morta num cerco policial em Salvador.
Personagem importante da história da ditadura foi o empresário dinamarquês Henning Boilensen, que ajudava a repressão e foi assassinado pela guerrilha. Foi retratado em Cidadão Boilensen, por Chaim Litewiski, que tem a coragem de mostrar a cooperação de grupos empresariais com os órgãos de repressão e tortura.
Baseando-se no livro de Fernando Gabeira, O que É isso, Companheiro?, Bruno Barreto relembra o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick por grupos armados. Inteiramente ficcional e valendo-se de ângulo original, Cara ou Coroa, de Ugo Giorgetti, homenageia a pequena militância, aquela que corria riscos escondendo em casa um perseguido, ou levando mensagens entre grupos. / L.Z.O.
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