Oskar Metsavaht fala sobre os rumos do Fashion Rio

Evento ainda não tem data marcada para 2015

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Por Mariana Belley
Atualização:

A edição de inverno 2015 do Fashion Rio não ocorreu. Isso fez com que marcas como Sacada, Victor Dzenk e TNG migrassem seus desfiles para a São Paulo Fashion Week, realizada em novembro. Sem muitas explicações da organização, o cancelamento do evento despertou questionamentos sobre o fim da semana de moda carioca. Boato. O Fashion Rio não vai acabar, garante Oskar Metsavaht, estilista da Osklen e agora coordenador do Fórum Empresarial de Moda da Federação das Indústrias do Rio, a Firjan. O comitê, do qual participam ainda representantes das grifes Lenny, Andrea Marques, Alessa, Blue Man e Salinas, foi criado para fortalecer a moda local e definir novos rumos para o Fashion Rio. “A cidade tem potencial para se tornar um dos grandes polos do Brasil e até do mundo. Nós precisamos encontrar nossa identidade como indústria de moda. Está na hora de repensar o que somos para consolidar a nossa posição”, afirma Oskar, em entrevista ao Estado

Até o momento, ainda há uma indefinição sobre quando e como o Fashion Rio será apresentado novamente. Sabe-se, apenas, que o evento não ocorrerá junto com a temporada de verão 2016 da São Paulo Fashion Week, marcada para abril. “Ainda não temos uma data confirmada para a próxima edição”, diz Oskar. Ele afirma ainda que não vê necessidade de haver duas grandes semanas de moda no País e defende que o Rio foque apenas na moda praia. É o que você confere na entrevista a seguir.

Oskar Metsavaht Foto: LUCIANA PREZIA/ DIVULGACAO

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Como e por que nasceu o comitê da Firjan?

O comitê foi criado para repensar o futuro e todas as áreas da indústria da moda no Rio. No ano passado, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, me convidou para ser o coordenador do Grupo de Moda da Firjan e reunimos representantes de todos os setores da indústria. Eu apresentei as minhas ideias e visão para o nosso setor e criamos cinco grupos. O primeiro deles discute a identidade e o futuro e foi criado para repensar o evento Fashion Rio e os assuntos relacionados à identidade e à experiência RJ. Esse grupo é composto por mim, Andrea Marques, Lenny Niemeyer, Jacqueline de Biase, Sharon Azulay e Alessa.

Por que aceitou o convite para coordenar a comissão? 

Fui convidado pelo meu trabalho na Osklen, que é uma maca bem-sucedida comercialmente, e pela experiência que tenho em diferentes mercados no Brasil todo e em países como Japão, Estados Unidos, Itália e Argentina. Eu me senti prestigiado e aceitei, apesar da agenda extensa que tenho hoje, pois acredito no potencial da moda carioca.

E qual é esse potencial?

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O Rio tem potencial para se tornar um dos grandes polos de moda do Brasil e até do mundo de certa maneira. Precisamos encontrar e fortalecer nossa identidade como indústria da moda. Está na hora de repensar o que somos para consolidar nossa posição. E quando digo moda carioca não estou regionalizando. Vejo o Rio como um centro cultural de um estilo de vida que representa o modo brasileiro como um todo. Também não acho que exista uma moda paulista, ou mineira ou francesa ou americana. Moda é a expressão de seu criador ou de uma marca independentemente de onde é seu ateliê. Porém, claro que acaba existindo uma representatividade. Mas pensamos muito mais em relação à cadeia da indústria da moda do Rio, sua geração de empregos e indústrias de vários portes. Como aproveitar sua expertise e tornar esta cadeia mais eficiente a exemplo de países que conseguiram se organizar e aproveitar ao máximo sua cultura para divulgar e fortalecer suas marcas. Além disso, claro, vejo um Fashion Rio que receba marcas e criadores autorais de todo o País, que aproveitem esta plataforma para expressar seu trabalho. 

Quais mudanças o Fashion Rio sofrerá?

Ainda estamos discutindo o formato do Fashion Rio, que continuará existindo. Ainda não temos data confirmada da próxima edição, mas estamos todos de acordo que a semana de moda deverá valorizar o design autoral e a identidade cultural do Rio.

E como estão trabalhando para alcançar esse objetivo?

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O Rio tem a possibilidade de se tornar o principal polo de moda praia do mundo e não ser a segunda semana de moda do País. Essa é a minha opinião há anos. A cidade é considerada uma das mais criativas do mundo, com eventos de expressão em diversas áreas. Podemos, ao menos, conceituar um projeto mais amplo que envolva todas estas áreas em um único evento. Algo diferente, talvez inédito. Ao menos, isso nos serve como reflexão para buscar um novo caminho, um novo formato. Como disse, tudo está em fase de discussão.

E quanto às marcas que desfilavam no Rio e se apresentaram na SPFW, como a Victor Dzenk? Elas voltarão para o Rio?

A próxima edição do Fashion Rio ainda não foi definida. E não vejo o porquê de uma marca ou o próprio Victor Dzenk, como você citou, não voltar a se apresentar no Rio ou mesmo permanecer em São Paulo. Isso só depende da vontade de cada estilista e do Paulo Borges (organizador da São Paulo Fashion Week). Não entendo essa competição, ou melhor, essa rixa, entre as duas cidades. Acho que elas devem funcionar como duas plataformas diferentes de expressão e, assim, o estilista ou a marca pode avaliar qual a melhor opção para a sua estratégia.

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Em todo o mundo, há uma semana de moda forte por país. Para você, quais os benefícios e malefícios de haver duas semanas de moda no Brasil?

Sou completamente contra haver duas semanas de moda no Brasil. Não há necessidade. O Rio não deve disputar com São Paulo a semana de moda. A SPFW já é um sucesso, uma plataforma para a expressão de criadores do Brasil todo. Sempre falei que o Rio deveria deixar de apresentar as coleções principais de inverno e verão para apresentar somente moda praia. Com isso, o Fashion Rio poderia se tornar a primeira semana de moda do mundo em moda praia, que é o nosso maior reconhecimento cultural no mundo inteiro. 

Sua grife, a Osklen, participaria de ambas?

A Osklen já desfilou no Fashion Rio. Mas segue apresentando normalmente a coleção principal nas semanas de São Paulo e Nova York. 

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