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"Os Sertões" ganha mostra na ABL

O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que narra a Guerra de Canudos, completa seu centenário de lançamento no ano que vem, mas a Academia Brasileira de Letras antecipa as comemorações mostra sobre o autor e a obra

Por Agencia Estado
Atualização:

O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, que narra a Guerra de Canudos, completa seu centenário de lançamento no ano que vem, mas a Academia Brasileira de Letras (ABL) antecipa as comemorações. A partir desta terça-feira, seu Centro Cultural recebe uma exposição sobre o autor e a obra com fotos da época (feitas por Fábio Barros) e dos anos 90 (de Evandro Teixeira, que refez o caminho), armas e objetos usados pelos dois lados da guerra e, principalmente, a caderneta de anotações que o autor levou para o campo de batalha, para onde foi como repórter do jornal O Estado de S. Paulo. A caderneta não é inédita, foi lançada como livro pela Companhia das Letras no ano passado. "Mas nunca tinha sido exibida ou saído do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB), onde chegou pelas mãos de Cunha, que era associado", conta a curadora, Heloísa Alves. "Queremos mostrar como o livro nasceu, sua importância para o Brasil e as conseqüências da divulgação das informações que contém, um processo que dura até hoje. O assunto é extenso e optamos por contrapor Belo Monte e os seguidores de Antônio Conselheiro ao tipo de homem e cidadão que Euclides da Cunha era." É uma tarefa complicada, já que sobre Canudos muito se falou, escreveu e filmou, mas não há consenso sobre o que ocorreu lá e com que conseqüências. Só existe concordância em que o livro mudou a forma de a elite política econômica e social brasileira, estabelecida no litoral, ver a população pobre e desvalida do interior. Na exposição, há ampliações dos desenhos que Cunha fazia do acampamento dos soldados, dos mapas da região, trabalho detalhado de um engenheiro competente; armas que o Exército brasileiro usou no conflito e até ex-votos que Gláuber Rocha pegou na região, quando esteve lá para filmar cenas de Deus e o Diabo. A mostra tem como complemento uma série de conferências, sempre às terças-feiras, às 17h30, de especialistas no assunto. Nesta terça-feira, será a vez de Alexei Bueno; na semana que vem a apresentação será da professora de Literatura Comparada Walnice Nogueira Galvão (que organizou a edição dos diários de Cunha); no dia 10 de julho fala Frederico Pernambucano de Mello; e, na semana seguinte, é a vez do acadêmico e economista Celso Furtado.

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