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"Os Saltimbancos" adotaram o xaxado

Versão de Chico Buarque e Sergio Bardotti para Os Músicos de Bremen estréia sexta no TBC. Na montagem de Gabriel Villela, os quatro amigos vão dançar o xote e buscar sucesso individual

Por Agencia Estado
Atualização:

Graças a Gabriel Villela, Os Saltimbancos foram parar no nordeste. As clássicas músicas infantis, transpostas por Chico Buarque de Hollanda do italiano para o português em 1977, ganharam adaptações para o xote, o xaxado, o baião e outros ritmos regionais bem balançados e malemolentes. A montagem, que na primeira versão tinha Marieta Severo e Sílvia Buarque no elenco, vai ocupar a Sala Repertório, que abarca todo o primeiro andar do Teatro Brasileiro de Comédia, a partir de sábado, 17. Os cenários e figurinos são de J.C. Serroni. e o elenco é composto pelos atores da Cia. de Repertório Musical do TBC, tendo como atores convidados Vera Zimmermann, que faz a Gata, e Eduardo Silva, o Cachorro. É o segundo musical que Villela dirige no TBC. O primeiro, A Ópera do Malandro, permanece em cartaz na Sala TBC até o fim de março. Os Saltimbancos nasceu na Itália, na forma de um trabalho de Sergio Bardotti, que teatralizou o conto Os Músicos de Bremen, fábula anônima recolhida pelos irmãos Grimm. Os Saltimbancos conta a história de quatro animais, uma gata, um cão, um burro e uma galinha que, cansados da exploração a que os patrões os submetem, resolvem fugir, em busca de liberdade. Realização pessoal - "Quando Chico trouxe a peça para o Brasil", diz Gabriel Villela, "ainda estávamos sob a ditadura militar, e ele pontilhou o texto de referências à luta pela democracia. As coisas mudaram, e o que nos pareceu mais lógico, hoje, foi mostrar a briga dos animais como uma busca da realização pessoal, algo que está mais no nível dos indivíduos que do coletivo." Apesar dessa alteração no alvo da fábula, Os Saltimbancos mantém a estrutura que lhe foi dada pelo italiano Bardotti e pelo brasileiro Buarque de Hollanda. E a mesma música, ainda que temperada agora por ritmos nordestinos. "É a história de uma viagem", diz Villela. O cenário é uma longa estrada que começa em um palquinho do teatro no nordeste, avança por um picadeiro de circo e vai seguindo até desembocar em uma segunda sala, onde está a grande metrópole, a cidade de São Paulo. Artistas que migram "Serroni (o cenógrafo), que é um grande mestre", diz Villela, "afirma que Os Saltimbancos está parecido com Romeu e Julieta, que eu dirigi para o grupo Galpão. Acho que tem tudo a ver, isso que ele diz. Porque eu pensei nos mambembes, nos artistas migratórios. Pensei em Elba e Zé Ramalho, Bethânia, Caetano, Gil, Milton Nascimento, todos descendo de seus estados natais para os grandes centros, onde poderiam dar impulso a suas carreiras. Quis dar ao espetáculo uma cara de circo-teatro, de mambembagem. As interpretações são exageradas, de picadeiro, bem clownescas." A montagem é o primeiro espetáculo infantil assinado por Villela. "Não vejo diferença entre teatro para adultos e para crianças. A paixão é a mesma, o fascínio pelo jogo do ator também", diz o encenador. Segundo ele, será uma montagem "festiva, brincalhona". Villela está entusiasmado com a estréia de Saltimbancos e com o início dos ensaios de Gota d´Água, outra obra de Chico Buarque, que vai estrear no Tom Brasil, dia 5 de julho, antes de se transferir para o TBC, com a atriz Cleide Queiroz como Medéia e Jorg Emil, ator mineiro, como Jasão. Mas Gabriel Villela diz que a direção artística do TBC está esgotando sua energia. "Eu quero ensaiar. Gosto do trabalho com o palco, com o ator. O trabalho atrás da mesa, a burocracia da direção artística são muito cansativas. Em vez de passar doze horas ensaiando, fico oito horas resolvendo problemas e quatro horas ensaiando. Não é o que eu quero." Os Saltimbancos - Teatro Brasileiro de Comédia, Sala Repertório (R. Major Diogo, 315, tel.: 3115-4622). Sexta e sábado, 16 h. R$ 12.

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