Os Kennedys pressionam contra novo longa de Fernando Meirelles

Diretor prepara versão de 'Nemesis', que relata como Aristóteles Onassis teria financiado morte de Bobby, o caçula do clã

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Por Amilton Pinheiro
Atualização:

O novo filme do diretor Fernando Meirelles, Nemesis, não contará mais com distribuição nem com atores americanos devido a uma forte campanha dos Kennedys contra o projeto nos Estados Unidos. "O roteiro (de Bráulio Mantovani, de 'Cidade de Deus') é ótimo, mas um tanto crítico aos Kennedys, do ponto de vista pessoal. Por isso, vem enfrentando tal resistência", disse o cineasta.O longa será baseado no livro Nemesis: The True Story of Aristotle Onassis, Jackie O, and the Love Triangle That Brought Down the Kennedys (A Verdadeira História de Aristóteles Onassis, Jackie O. e o Triângulo Amoroso Que Derrubou os Kennedys, em tradução livre), de Peter Evans, ainda sem tradução no Brasil. Segundo Meirelles, a obra sofreu também resistência dos livreiros americanos, que não queriam colocá-lo à venda. "É um livro excelente, mas os Kennedys têm um lobby forte, ainda hoje", disse ele, em entrevista à edição de agosto da revista Negócios da Comunicação.Evans relata a inimizade entre o milionário grego Onassis (1906-1975) e o mais novo dos Kennedy, Bobby (1925-1968), um desconforto surgido logo que se conheceram. Ao longo de décadas, o ódio mútuo e intenso só cresceu, assim como seu desejo de competir pelo afeto de Jackie, a viúva do presidente John, assassinado em 1963. A polêmica da obra de Evans está no fato de apontar Onassis como o cerne da trama para matar Bobby.Assim, Nemesis detalha a trilha de Onassis e as conexões que teriam resultado no financiamento do assassinato. "Estamos tentando fazer uma produção europeia, ou seja, não contar com os americanos", comenta Meirelles. "E, depois que o filme estiver pronto, se alguma distribuidora pequena quiser comprar para o mercado dos Estados Unidos, menos mal."Segundo o cineasta, a trama do filme não critica os Kennedys politicamente. "Na verdade, acho que eles foram um avanço na história americana. A crítica é pessoal, pois se trata de uma família disfuncional. Jacqueline Kennedy parecia maluca. O filme foca esse lado pessoal. Eles são ainda uma família 'real' americana. Ninguém quer tocar nisso."

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