
15 de março de 2011 | 00h00
Filha do principal escultor uruguaio, José Zorrilla de San Martín, e neta do poeta nacional Juan Zorrilla de San Martín, ela nasceu em Montevidéu e já viveu em Paris e Londres. De volta a seu país protagonizou as principais obras teatrais de comédias a dramas, fez montagens de óperas e estrelou filmes argentinos e espanhóis.
Com uma trajetória de 67 anos nos palcos sul-americanos, China protagonizou diversos filmes, entre eles, Elsa e Fred, de Marcos Carnevale (2005). Atualmente ela realiza um ciclo de "teatro lido", isto é, a leitura de obras de teatro em centros culturais portenhos.
Entre uma apresentação e outra, além dos convites que recebe para conferências, China - acompanhada por Flor, sua cachorra yorkshire - recebeu o Estado em sua casa, no bairro da Recoleta, para falar sobre dramaturgia, cinema e a velhice.
Vittorio Gassman disse uma vez que atuar era "quase como um vício ou uma doença".
Que boa frase! Seja mímico, cantor ou ator, o que acontece em cima de um palco é mágico. Não me canso nunca disso.
O que acha do "teatro lido" que protagoniza atualmente?
Comecei no ano passado e continuamos neste (a peça atual é "As da Frente", comédia de costume de Federico Mertens, apresentada em centros culturais). O importante, neste ciclo, é ouvir.
Elsa e Fred, de 2005, é uma história de amor...
Quando tinha 82 anos, Marcos Carnevale me telefonou. Queria que fizesse um filme de amor. Eu perguntei: "Vou fazer a avó de quem?". Aí ele me explicou: "Você será a protagonista dessa história de amor!".
Costuma dar mais ênfase ao teatro. Desde seu primeiro filme, em 1971 (Um Guapo do 900), já fez 35 trabalhos. O último foi em 2009, Sangue do Pacífico...
O cinema entrou na minha vida de forma tardia. Sempre que faço cinema tento conter a forma exuberante de ser do teatro. Mas percebo que isso não importa.
Seu próximo projeto?
A gente envelhece no dia em que não tem mais projetos. O próximo é fazer um clássico do teatro.
Como é envelhecer?
Difícil explicar. Quando era menina me perguntava como seria chegar aos 50. Um dia cheguei lá e não aconteceu nada. Minha mãe tinha 95 anos, estava lúcida e bem, mas percebeu que havia chegado a hora de morrer e me disse: "Agora é iminente minha passagem ao outro mundo. O medo deixou espaço para a curiosidade". Bom, eu sinto medo e curiosidade!
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