OS 25 anos da morte do Vlado, no teatro

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Por Agencia Estado
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O dia 25 de outubro de 1975 entrou para história brasileira com a morte do jornalista Vladimir Herzog. No seu enterro, no dia 31, uma multidão compareceu à Catedral da Sé para mostrar à ditadura que não aceitava a versão de suicídio que a Polícia Militar deu para o assassinato. Passados 25 anos, um grupo de amigos e artistas ligados a Vlado se reúnem para homenageá-lo e contar os 10 dias que antecederam sua morte. O Ato Teatral 25 Vezes Vladimir, vai ser apresentado na Sala Dina Sfat do Teatro Ruth Escobar somente na próxima quarta, dia 25, com entrada franca. O dramaturgo Jair Alves assina a direção geral do espetáculo único. ?É claro que se tiver um grande apelo do público, a gente vai pensar em um jeito de fazer outras apresentações, mas a intenção do ato é ser só no dia 25, esta é uma data mágica.? A peça está sendo montada em partes. São 4 equipes com diretor e atores ensaiando suas cenas em lugares diferentes e se reunindo de vez em quando para que Jair Alves confira se os projetos não têm discrepâncias. ?Eu não tenho o menor medo da peça sair fragmentada. Se fosse fazer o processo normal iria demorar meses com seminários sobre a época para inserir todos os 30 atores do elenco no contexto?, diz Alves que conta com os diretores Cláudio Mamberti, Beatriz Tragtenberg, Marco Antonio Rodrigues e Antonio Rocco para dar união ao projeto. ?Eu fiz um roteiro e tenho acompanhado todos os textos, mas acredito nesta mágica do teatro de unir as histórias de cada um?. O texto foi criado a partir de depoimentos de amigos do Vlado e de gente que viveu a mesma situação de prisão naquele difícil ano de 75. Entre eles está Diléa Frate que foi seqüestrada pela polícia junto com o marido Paulo Markun no dia 17, quando começa a narrativa do 25 Vezes Vladimir. Na prisão Diléa escreveu uma carta para a filha, Ana, que na época tinha apenas 5 meses. Este depoimento será encenado pela própria Ana Markun, hoje com 25 anos. Outros amigos de Herzog, como o jornalista Audálio Dantas, a atriz Denise Del?Veccio, e o cinesta João Batista de Andrade e Fernando Pacheco Jordão, cederam suas memórias para a composição final dos textos escritos por Renata Palottini, Murilo César, Oswaldo Mendes e Reinaldo Maia. Todos os artistas e dramaturgos estão envolvidos no evento de maneira voluntária, sem nenhum ganho financeiro. ?Conheci o Vlado em 60 na redação do Estadão, nossas namoradas eram colegas de faculdade na época. Fomos juntos trabalhar na TV Excelsior, e depois na BBC de Londres quando nossas esposas, que eram colegas, tiveram dois filhos cada uma, na mesma época?, diz. A amizade continuou quando, já no Brasil, Fernando chamou Vladimir Herzog para trabalhar ao seu lado no jornalismo da TV Cultura, que ele chegou a dirigir um mês antes de ser ?suicidado?. ?Ali a sociedade percebeu que a ditadura tinha chegado no limite. Quando um cidadão conhecido, com família, filhos, emprego e endereço conhecido por todos, se apresenta voluntariamente e é assassinado, qualquer um poderia ser.? Ato Teatral 25 Vezes Vladimir - Vida e Obra do Jornalista Vladimir Herzog - Hoje, às 21h. Teatro Ruth Escobar - Sala Dina Sfat - Rua dos Ingleses, 209 - Bela Vista. Única apresentação. Entrada franca.

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