Ophelia, de Shakespeare, revive em espetáculo-solo

Estrelado por Raquel Ornellas, Labirinto d?Água estréia sábado no Tuca

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Por Agencia Estado
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Quem viu As Irmãs do Tempo, espetáculo que correu festivais nacionais e internacionais, lembra de Raquel Ornellas, uma das atrizes criadoras dessa montagem que dava vida nova, no palco, às bruxas da tragédia Macbeth, de Shakespeare. Um trabalho que poderá ser revisitado no livro Caldeirão de Bruxas - De como Macbeth Virou Irmãs do Tempo, editado pela Edusp na coleção Texto & Arte, que será lançado em maio. Em 320 páginas, o leitor vai acompanhar o processo de criação do espetáculo e conferir críticas. Dando continuidade à sua original forma de fazer teatral, uma linguagem híbrida, entre a dança e o teatro, Raquel estréia sábado, 14, no Tuca, o solo Labirinto d?Água. Desta vez, lança seu foco sobre Ophelia, a noiva de Hamlet que se suicida após sofrer com a rejeição do príncipe e a morte do pai. Bem, a atriz começa por contestar o que já foi até aqui dito. ?É um solo, mas tem uma equipe imensa envolvida. E minha Ophelia não se suicida, ela volta para o seu elemento, a água?, diz. E acrescenta que, ao pesquisar o tema, descobriu não ser a única que pensa assim. ?Em seu livro A Água e os Sonhos, Gaston Bachelard, filósofo poeta, trabalha sobre essa idéia da água como morada de vivos e mortos. Hamlet a chama de ninfa na primeira vez que a vê?, diz. ?Quando a gente mergulha numa pesquisa, descobre muitas coisas. Zé Celso, por exemplo, fala dela como um orixá das águas doces, vivo.? Sem dúvida para que essa Ophelia viva se movimente em seu ambiente natural, as águas, foi fundamental a contribuição da ?equipe? citada por Raquel nesse espetáculo criado com o apoio do Prêmio Funarte de Dança Klaus Viana 2006, e já selecionado para participar do Fringe Festival em Toronto, no Canadá, em julho. No palco, 160 metros de fios de lã branca de 12 metros de comprimento pendem do teto em cenografia criada por Tereza Monteiro e David Santos. Sob a iluminação de Hamilton Sbrana ganha efeitos diversos, todos remetendo à água. Sons da natureza foram gravados na criação da trilha original assinada por Laércio Resende. A cantora Ceumar gravou duas músicas, Salgueiro e Alecrim, especialmente para o solo. Raquel assina direção, interpretação e concepção do espetáculo, mas afirma que o processo foi colaborativo. ?Eu tive a idéia desse espetáculo literalmente dentro d?água, quando fazia exercícios de watsu (uma espécie de dança terapêutica). Foi a partir das sensações apreendidas ali que comecei a criar. Mas teria ficado tudo muito fluido, não fosse o roteiro de Alessandro Toller, que trouxe o contraponto terra?, diz. Raquel já mostrou ser capaz de intensa comunicação com a platéia em As Irmãs do Tempo. Pode repetir a proeza em Labirinto d?Água. Labirinto d?Água. 55 min. Tuca - Sala Ensaio (35 lug.). Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, 3670-8455. Sáb e dom., 19 h. R$ 30. Até 10/6

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