Ópera-rock "Cazas de Cazuza" volta a SP

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A ópera-rock Cazas de Cazuza volta ao cartaz na cidade para curtíssima temporada na Tom Brasil. O espetáculo estreou há cinco meses no mesmo palco da Tom Brasil e desde então foi visto por quase 100 mil pessoas no Rio, em Belo Horizonte, em Santos e em Jundiaí. É como se a produção da Companhia Brasileira de Teatro Música seguisse uma das máximas de Cazuza (1958/1990): O Tempo não Pára. Passando ao largo do que o nome possa sugerir, Cazas de Cazuza não é uma peça biográfica. O espectador nem sequer ouve o nome do poeta e cantor carioca que tinha como cartão de crédito uma navalha. "Quando comecei a estruturar o musical e defini a obra de Cazuza como fio condutor da história, pensei em muitas coisas, mas nunca em fazer um musical biográfico", explica o diretor Rodrigo Pitta, que assina ainda o texto e a concepção do espetáculo. A idéia inicial surgiu quando da leitura de Só as Mães São Felizes, biografia de Cazuza escrita pela mãe do artista, Lucinha Araújo. Pitta ganhou a obra do amigo, ator e músico Daniel Ribeiro, um dos protagonistas do musical Rent e que mais tarde seria o responsável pelos arranjos e pela direção musical de Cazas de Cazuza. "Analisei a obra de Cazuza de uma maneira literária, era como se eu estivesse estudando o poeta Gregório de Matos", compara. O enredo usa um hipotético prédio de apartamentos do Baixo Leblon, na zona sul do Rio, como metáfora existencial. Nele, sete personagens vivem alegrias e tristezas, derrotas e conquistas. "Foi no Baixo Leblon que ele colheu poesia urbana, ferida, entorpecida em sofrimento e questionamento; mas são relatos universais que poderiam ter qualquer grande centro como cenário". Os personagens em questão são: o produtor de cinema homossexual Justo (Jay Vaquer), que divide apartamento e se apaixona, sem ser correspondido, pelo bon vivant machista e drogado Deco (Lulo Scroback); a estrela emergente Bete Balanço (Débora Reis); a jornalista Mia (Vanessa Gerbelli), que acumula funções num jornal popular e que vive uma crise conjugal com o marido desempregado, o poeta Enrico (Fernando Prata). Ele, por sua vez, sofre com o amor "shakespeariano" que alimenta pelo vizinho Justo, sua grande inspiração poética. Há, ainda, o síndico conservador Ernesto (Bukasa Kebenguele) e sua mulher Vera (Rosana Pereira), ambos marcados profundamente pela morte do filho. "A tônica do espetáculo é, sem dúvida, o preconceito, em suas várias formas; o preconceito de ser desempregado, negro, drogado ou gay", informa Pitta. Brodway - Canções como Todo Amor Que Houver Nessa Vida, Pro Dia Nascer Feliz, Bete Balanço, Brasil, Ideologia e Codinome Beija-Flor dão voz aos personagens que parecem ter saído diretamente de um musical da Brodway - estilo que Pitta, ex-aluno do American Music and Drama Academy, nos EUA, conhece bem. "Estive em vários países do mundo e observei uma latinização desse tipo de dramaturgia tipicamente norte-americana", diz. "Espetáculos como Rent e Cazas de Cazuza provam que é possível criar uma estrutura brasileira de musicais", afirma Pitta, que tem como próximo projeto a montagem de O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Como não poderia deixar de ser Cazas de Cazuza foi vertido também para o formato digital e pode ser ouvido em CD, lançado pela Som Livre, que foi a gravadora do poeta entre 1982 e 1985. Cazas de Cazuza. Musical. Texto e direção Rodrigo Pitta. Direção musical Daniel Ribeiro. Sexta e sábado, às 22 horas; domingo, às 20 horas. De R$ 20,00 a R$ 40,00. Tom Brasil. Rua das Olimpíadas, 66, tel. 820-2326. Até 9/7.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.