O quadro Espantalho, um óleo sobre tela de Cândido Portinari datado de 1960, da coleção de Samuel Malamud, foi vendido nesta terça-feira por R$ 913,5 mil (R$ 870 mil mais 5% de comissão) no segundo leilão da Bolsa de Artes deste ano. É o maior preço que o artista alcança no pregão, embora marchands presentes tenham garantido que, em negócios particulares, já tenha ultrapassado a cifra de R$ 1 milhão. O comprador é de São Paulo e não quis ser identificado, mas garantiu que não tinha um limite para ficar com a obra. Já em leilão realizado na casa Villa Antica, em São Paulo, a obra de Portinari viveu situação inversa ontem (19) à noite. O mural Bandeirantes, painel em mosaico do pintor realizado em 1952 sob encomenda do Hotel Comodoro, em São Paulo, foi a leilão, mas não alcançou o preço mínimo fixado pelos proprietários - R$ 1,2 milhão. "Tivemos três propostas de valor inferior", disse Emerson Curi, dono da casa de leilões. Um banco paulista ofereceu R$ 1 milhão, outro ofereceu R$ 1,1 milhão e um marchand deu R$ 1,150 milhão. Os lances seriam encaminhados pelos proprietários da obra, os donos do Hotel Comodoro, para avaliação. Eles têm 24 horas para decidir se vendem ou não a peça, que ainda deverá ser removida da argamassa e transportada pelo comprador. No leilão do Rio, foram negociados no total mais de R$ 4 milhões em 137 lotes, 50 deles pertencentes ao advogado e líder sionista Samuel Malamud. Com sua morte, no início do ano, os familiares decidiram desfazer-se do acervo, para facilitar o inventário. Como ele foi amigo de pintores modernistas como Di Cavalcanti, Portinari e Emeric Mercier, a maioria das obras foi vendida pelos artistas diretamente ao colecionador, o que aumentou o seu valor de mercado. Mais de metade das obras ultrapassou o preço máximo e só cinco delas não chegaram ao mínimo. Mas houve lances surpreendentes, como a venda do óleo sobre tela Arcos da Lapa, de Gustavo Dall´Ara, datado de 1910 e retratando o bairro do centro do Rio na época, que alcançou R$ 210 mil (comissão incluída), quando estava estimado entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. A paisagem Cidade do Interior, de Di Cavalcanti, óleo sobre tela de 1963, foi vendida por R$ 283 mil, um terço a mais do valor mínimo estimado. Ainda fora desse acervo, um desenho a nanquim de Di Cavancanti, Noite no Bairro Operário de 1920, foi vendido por R$ 163 mil, um recorde para obra em papel.