
04 de maio de 2012 | 10h29
Edinger gosta de fazer citações - do pintor Francis Bacon, afirma que o papel do artista é aprofundar mistérios; do pós-impressionista Paul Cézanne, que a cor é onde o cérebro e o universo se encontram. Ao jogar com o foco/desfoco, o fotógrafo diz querer expressar "o verdadeiro olhar da gente". "A fotografia toda focada não representa a nossa visão, vemos o entorno das coisas sempre desfocado."
Assim, um homem ou uma mulher tornam-se "quase espíritos" nas imagens dessa série, parados em frente de suas casas ou de um muro amarelo. A menina de Andaraí, que acabou de pintar as unhas dos pés, é retratada com esse destaque. Um cemitério bizantino em pleno sertão ganha uma perspectiva diferente, transforma-se em uma linha branca em plena paisagem. Uma cigana negra, sobre fundo azul, lembra Ingres, mas é contemporânea também com o foco apenas nos seus dentes de ouro. E por aí vão as imagens, sempre requerendo nosso mergulho - e não à toa, todas elas estão em grande formato, 1,40 m x 1,70 m.
Ir e vir nas fotografias, assim como o fotógrafo, que fez sete viagens à Bahia, entre 2005 e 2012, para realizar as obras da série. "Quero fazer o mapeamento do País", diz Claudio Edinger, que além de exibir 28 imagens na exposição no MIS - com curadoria de Leonel Kaz -, lança livro do trabalho De Bom Jesus a Milagres, editado pela Bei. O sertão baiano, lugar do "inadequado", é retratado com a cor deslumbrante numa maneira de transcender a "esterilidade" da localidade. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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