Tecnicamente exigentes e, às vezes, de ritmo furioso, dois trabalhos de Mozart identificados recentemente e apresentados pela primeira vez neste domingo ajudam os estudiosos a completar uma avaliação das primeiras obras do maestro.
Veja a partitura e ouça o concerto do jovem Mozart
As criações da infância - um longo movimento de concerto e um prelúdio fragmentado - são mais provas de que o garoto era um prodígio - e talvez um pouco exibido.
"Temos aqui o primeiro movimento orquestral do pequeno Mozart - mesmo que com as partes orquestrais perdidas - e portanto este é um importante elo perdido em nossa compreensão do desenvolvimento de Mozart como um jovem músico", disse o líder da Fundação Mozarteum Internacional, Ulrich Leisinger.
Mozart, que nasceu em 1756, começou a tocar teclados aos 3 anos e a compor aos 5. Ao morrer de febre reumática em 5 de dezembro de 1791, já havia escrito mais de 600 peças.
Leisinger disse que Mozart provavelmente compôs as duas peças agora atribuídas a ele quando tinha 7 ou 8 anos, com seu pai, Leopold, transcrevendo as notas que o filho produzia.
Uma série de análises confirma que a escrita é de Leopold; na época, Mozart ainda não havia aprendido notação musical. Mas a autoria de Leopold foi descartada após uma série de análises estilísticas, diz nota do Mozarteum.
"Há discrepâncias óbvias entre o virtuosismo técnico e uma certa inexperiência como compositor", diz o texto.
Na apresentação deste domingo, na residência de Mozart, o austríaco Florian Birsak, um especialista em instrumentos antigos de teclado, executou as duas peças no próprio instrumento do maestro.
Birsak disse que aprender a tocar o concerto foi um desafio, por causa de aspectos complexos, como "grandes saltos".
Para Robert D. Levin, que forneceu o acompanhamento orquestral, o jovem Mozart queria "mostrar tudo o que sabia" nessa peça.
"O que o compositor espera do músico em termos de passagens rápidas, mãos cruzadas e saltos malucos é uma loucura", disse Levin, pianista e professor da Universidade Harvard.