Obra-prima sobrea relação entre o homem e a morte

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Por Redação
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E ste é um Messiaen diferente, com obras sinfônicas pouco conhecidas e atraentes, em leituras competentes da Orquestra Nacional de Lyon, regida por Jun Markl. Et Expecto Resurrectionem Mortuorum, ou Espero a Ressurreição dos Mortos, a obra central do CD, nasceu como encomenda. Messiaen quis relembrar os mortos nas duas guerras mundiais. Mas, em vez de um réquiem, fez uma meditação sobre a transcendência da morte por meio da ressurreição de Cristo. O terceiro de cinco movimentos, Chega a Hora em Que os Mortos Ouvirão a Voz do Filho de Deus, cita o canto do uirapuru, pássaro amazônico imortalizado por Villa-Lobos em 1917. Markl, que obtém ótima interpretação dos músicos de Lyon, também vai bem em Le Tombeau Resplendissent, ou o Túmulo Resplandecente, de 1931. O túmulo, no caso, é o da juventude de Messiaen, então com 23 anos. Depois da estreia, em 1933, ele a ocultou até a morte, em 1992. A primeira gravação é de 1994 e a partitura só foi publicada em 1997. Ela é avançada para os padrões estéticos franceses dos anos 30. A terceira peça, Hino, de 1932, perdeu-se no caminho para o editor dez anos depois, em plena 2.ª Guerra. Em 46, o maestro Stokowski quis regê-la, e Messiaen prodigiosamente a reconstituiu de memória./ JOÃO MARCOS COELHO

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