Obra mudou entendimento sobre o País

Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, introduziu análise de elementos contrários na análise das questões nacionais

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Por Agencia Estado
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Num prefácio a Raízes do Brasil, de 1986, Antonio Candido escreveu: "Os homens que estão hoje um pouco para cá ou um pouco para lá dos 50 anos aprenderam a refletir e a se interessar pelo Brasil sobretudo em termos de passado e em função de três livros: Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, publicado quando estávamos no ginásio; Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, publicado quando estávamos no curso complementar; Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior, publicado quando estávamos na escola superior." Lançados entre 1933 e 1942, período em que o Brasil viveu fase política intensa e conturbada (Revolução de 1930, Revolução Constituicionalista de 1932, Intentona Comunista de 1935, o golpe getulista de 1937, o apoio aos aliados em 1942, depois do flerte com o nazifascismo), esses livros deram novo rumo ao entendimento do País. O primeiro rompeu com as análises racistas e deterministas; o segundo, de 1936, introduziu novas questões e o jogo dialético entre os elementos contrários; e o último aplicou para o País o método do materialismo histórico. Para falar mais um pouco da obra fundadora de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), talvez o melhor seja recorrer novamente a Candido: "(Ele) analisa os fundamentos do nosso destino histórico, as ´raízes´, aludidas pela metáfora do título (...). Trabalho e aventura; método e capricho; rural e urbano; burocracia e caudilhismo; norma impessoal e impulso afetivo - são pares que o autor destaca no modo-de-ser ou na estrutura social e política, para analisar e compreender o Brasil e os brasileiros." Sérgio Buarque, pai de Chico, não foi homem de um livro só - deixou uma vasta obra, entre eles o também clássico Visão do Paraíso e, como diretor, uma monumental História Geral da Civilização Brasileira.

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